Todo dia é como se fosse uma “Tábua Rasa”. O que o dia nos reserva é surpresa. Uma página em branco. A semana, o mês, o ano. A vida em si vivida diariamente. E cada dia, um Novo a ser preenchido. Pode ser um vazio ou um cheio transbordante. Inéditos e surpreendentes. Ao abrir a janela, a porta, a geladeira, o balcão da despensa, a gaveta da cozinha, um livro, o jornal. Ao ligar a televisão, o micro ou o rádio. Ao entrar no carro, no ônibus, no metrô. Algo novo a ser desbravado e reconhecido sempre nos espera. Surpresas. O bem e o mal. O bonito e o feio. A vida e a morte. O tempo todo e em tempo algum, tudo se transforma, tudo se renova. Até o nada de ontem é um novo nada hoje, um novo nada amanhã. O vazio igualmente. Sempre evoluindo ou involuindo, sempre mudando. Toda vez que abro meu micro, a página em branco do WORD me ofusca. As primeiras letras podem criar vida ou sumir com o toque das teclas, pra voltar a serem escritas. Tantas vezes quantas forem necessárias. O dilema: sobre o que e como vou escrever. `As vezes, o desafio é manso. Noutras, um touro bravo. Sobre o viver, igualmente. Tem dias amenos, sensatos, alegres. Fáceis. Tem dias turbulentos, agitados, cabeludos. Difíceis. E nós, sempre os mesmos, em ebulição constante. Num eterno vir a ser. Cadê as palavras? Cadê as ideias? Bulindo por aí, esperando ser resgatadas.