O que vestir – parte 2

Li na Cláudia deste mês uma entrevista com a americana Iris Apfel, nova-iorquina de 90 anos que deveria ser uma modelo a ser seguido, pelo simples fato de ser autêntica no que é e investir em projetos e ideias sem pensar na idade e no tempo que tem. Olhando para os “looks” que ela usa , carregados em cores, texturas, acessórios, marcas, pensei na coragem de se apresentar assim ao mundo: um cabide de penduricalhos, uma poluição visual ambulante. Nada contra. Tenho meus dias mais avessos – no comer, vestir, viver – e acho que funcionam como uma libertação para a alma. Nesta busca de um estilo pra me vestir o que tenho certeza absoluta é que esse estilo extravagante não é o meu, assim como não é, o bege apagado. Não me vejo nem usando óculos redondos de aro preto, cores e estilos sobrepostos, nem o beje apagado. Nem 8 nem 80.

Às vezes não saber o que se quer é o primeiro passo pra se saber o que se quer. Mero exercício de eliminação de possibilidades. Sei, por exemplo, do que definitivamente não gosto pois não faz parte da minha persona.  Mas admiro pessoas como Iris que se assumem inteiramente como são: escandalosa (no caso dela) ou neutra ou clássica ou gótica ou…..ou…… Muitos de nós preferem sumir na multidão, dispensando a percepção e a atenção. Outros almejam ser holofotes. Minha ideia não é aparecer – não gosto disso. O que quero é me sentir EU quando me apresentar ao mundo. Acredito que o estilo pessoal nasce desta identificação. Quanto a mim continuo me buscando. Por que ando me preocupando com o que uso, se sempre me vi como uma pessoa prática e vagamente vaidosa? Basicamente, porque acredito que mostramos quem somos com nossas escolhas. E o jeito de me vestir reflete minhas escolhas.

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