Depois de horas rodando lojas, livrarias, perfumarias e butiques, Ana sentou-se no Starbucks para tomar um Café Latte e comer um Muffin de Mozarela e Tomate Seco. Precisava descansar, recuperar o pique e avaliar as compras. Faltavam os presentes das duas filhas, dos pais dela, dos pais dele, das amigas…… a lista era enorme e ela só tinha aquela tarde pra dar conta da empreitada. O único que ela encontrara foi o do marido. Certamente, o mais difícil de todos. Largou as sacolas com as roupas e sapatos que comprou para si – presentes mais que merecidos – ao lado do sofá e foi fazer seu pedido, sem tirar os olhos das sacolas. “São dezessete reais e quarenta centavos. Dinheiro ou cartão?” “Cartão. No crédito, pode ser?” “Pode.” Ana procurou seu Mastercard na carteira, na bolsa, nos bolsos e nada. “Onde foi que coloquei o cartão?” Nervosa com o sumiço do cartão pediu licença à atendente e foi juntar-se às sacolas. Como já havia feito uma busca preliminar, na fila do caixa, Ana esparramou o conteúdo da bolsa no puff em frente ao sofá, e começou a procurar entre propagandas, tickets, contas de água, luz, telefone, comprovantes do cartão de crédito, papeizinhos de bala, folheou rapidamente o livro “Comer, Amar, Rezar” e sua agenda, olhou dentro do envelope de fotos impressas, telefone, o presente de Adriano e nada. Abriu a carteira e continuou sua busca. As mãos arrancavam fotos, cartões de lojas e outros comprovantes socados nos bolsos da carteira, moedas, santinhos, dólares, euros, reais. Num gesto desesperado partiu para cima das sacolas de roupas e sapatos e retirando-os um a um, apenas aumentava a bagunça à sua volta, pois nada do cartão de crédito. Ana recostou-se no sofá e olhou apavorada a montanha que acabara de construir sobre o puff, e envergonhada, começou a recolher seus pertences deliberando internamente sobre “onde diabos se meteu aquele maldito cartão de crédito.” Ana avaliava a possibilidade de tê-lo perdido, esquecido em alguma loja, ter sido roubada, ou ainda, dele ter passado despercebido em sua busca, quando seu telefone tocou e ela, desmoronando a pilha a sua frente, pegou o aparelho e ouviu a voz autoritária e estressada de Adriano. “Em dez minutos te pego na saída D. Estão todos nos esperando em casa. Tudo certo com os presentes?