Aos 40 anos, sexo não é mais um bicho de sete cabeças. Ele é o que é. Prazer. Sensações. Orgasmo. Expedições e descobertas. Toque. Sensualidade. Entrega total. Intimidade. Pena que nem todas nos permitimos chegar a este estágio de maturidade sexual. Para aquelas que se permitem, os prazeres da cama passam a ocupar um espaço novo e diferente em suas vidas. Mesmo com o corpo marcado pela vida, pelas gravidezes e partos, pelo efeito sanfona, pelos hábitos não saudáveis, pela vida que levamos até então, o sexo pode ser maravilhoso. Ele pouco depende do corpo. Depende muito da cabeça de cada uma, e muitas vezes, do que sobrou do relacionamento, e do tipo de parceiro que escolhemos. Quando os adultos se permitem, o sexo passa a ser uma agradável e relaxante brincadeira de gente grande. Basta sabermos brincar, soltar nosso lado lúdico, nossas amarras. As regras já conhecemos. Nossos limites também. Ao longo dos anos atendi muitos casais, muitas mulheres e muitos homens. Todos sofrem, ou por ter ou por não ter amor. Quase sempre os conflitos pessoais e conjugais giram em torno do amor e do sexo. Obviamente a vida não gira apenas em torno desta dupla dinâmica, mas quando nossa vida afetiva e sexual vai bem, todo o resto se encaixa. Trabalho, saúde, amigos, filhos, família. Quando podemos ser quem somos, quando podemos nos desnudar totalmente, tirando tanto a roupa do corpo como a roupa da alma, quando podemos nos entregar sem medo de se perder, quando nos aceitamos e aceitamos nosso parceiro, diria que temos os ingredientes perfeitos para um relacionamento harmonioso e uma vida plena. Acredito que muitas mulheres e homens que fazem a opção de ficarem sozinhos o fazem não tanto por opção, mas principalmente por não terem encontrado alguém que lhes complemente. É do ser humano buscar outro ser humano que lhe dê um contorno, que lhe dê a sensação de completude e de pertencimento. A vida é bem mais leve e saborosa quando feita a dois, assim como o sexo. Pena que muitas pessoas não tiveram a sorte, a paciência, a tenacidade de construir relacionamentos gratificantes. Ou passaram a vida buscando algo que não existe, algo que criaram em sua fantasia. O relacionamento harmonioso e o sexo quente e prazeroso é resultado de trabalho, esforço e dedicação. Penso que muitas pessoas gostariam de contar suas histórias de vida com “Era uma vez, ,e viveram felizes para sempre”. Aquilo que fica entre as vírgulas preferem não ver, não relacionar, não viver. E é justamente o que está entre as vírgulas que dá o tempero, que dá o enredo de nossas vidas. Assim, quando chegamos aos 40 não importa se chegamos casadas, separadas, divorciadas, viúvas, solteiras, ou, como dizia uma amiga, “tico-tico no fubá”. Importa chegarmos inteiras para o amor e para o sexo. Esta dupla dinâmica faz maravilhas na vida de qualquer pessoa, independentemente de idade e corpo.
Los Canales, outubro de 2006.