Convivo diuturnamente com meu confito
Olhamo-nos fixamente
Ora sorrisos, ora lágrimas
Convergência e confusão
Ele, um ditador
Eu, ovelha-loba
Não vivo sem ele
Sigo suas quantidades e direções
Maior ao norte, menor a sudeste
E vou vivendo
De pouco em pouco
Os dias derretendo-se ao sol
Apagando-se na chuva
As noites de remanso e tormentas
Ele, devorador do tempo
Do pouco e do muito
Exibe-se em formas
Espiando e apontando
Sempre vigilante
Destruí-lo é a morte
Conservá-lo, “ipses litteris”
Ele, um farol, um registro
Uma mossa, uma mostra
Usurpador de horas
Devorador do tempo:
Um relógio
Eu, sua escrava.