Sempre que assisto a leões espreitando zebras, impalas ou gnus, lembro do meu sumido Logan. A pose felina agachada se esgueirando silenciosamente, os ombros marcados ao alto, as pupilas dilatadas fixando o alvo, a concentração máxima, a preparação para o bote, a explosão nas quatro patas, a surpresa do desprevenido e distraído, a presa na boca. Uma cena cruel e, ao mesmo tempo, linda. Apenas o instinto e a sobrevivência do mais forte. Nada de regras. Apenas a continuidade da vida e a força da natureza. Logan era um exímio caçador de passarinhos. Dava prazer ver sua arte. A Nina, não. Nada de passarinhos. Sua arte é seu carinho sem medidas, sua doação plena e gratuita. Quando muito, um salto. Moscas e mosquitos, presas modestas para esta grande e generosa alma animal.