Sou fã convicta do poder curativo e relaxante da massagem. Há mais de dez anos, sempre que possível, me entrego às mãos hábeis de uma excelente massagista (se quiserem referência em Lajeado – RS, posso passar: em São Paulo, ainda não encontrei e se alguém tiver referência, me repassem por favor, urgente, preciso muito). Foi pela massagem que encontrei alívio para o pescoço, a coluna, os ombros, pernas, o corpo todo. Assim, quando definimos conhecer a Tailândia, estava implícito conhecer a tão famosa massagem tailandesa. Após dois dias de andanças e perambulações pela capital Bangcoc – com o corpo moído e dolorido – decidimos que era hora de um descanso e de uma boa massagem. (Como percebemos depois, casas e camas de massagem são uma epidemia por toda Tailândia – na beira da praia, nos shoppings, nas calçadas, nas casas, nos hotéis. Onde se pode armar aquele estrado acolchoado semelhante a uma cama de solteiro – um pouco mais larga que a tradicional – sai uma massagista e sua lista de massagens. E tem para todos os gostos, tempos e preços, muito baratos.) Na beira da piscina do nosso hotel “The Moc” solicitamos o serviço à massagista de plantão. Como ela estava sozinha naquela sexta-feira à noite e a massagem era de uma hora para cada um, fiquei observando seu trabalho, deitada no estrado acolchoado ao lado, enquanto ela amassava e afofava meu marido, com minha total autorização e deleite. Depois foi a minha vez, com uma brisa suave, cheiro de incenso, música zen e meu marido aos roncos, do lado. Fiquei impressionada. A massagem tailandesa internacionalmente conhecida insinua erotismo e sensualidade. Só pra quem é masoquista ou conheceu algum tipo de massagem que não vi (nem li) em lugar nenhum (e olha que andei pela noite de Bangcoc). A “Thai Massage” é uma experiência, ao mesmo tempo, tensa e relaxante. O corpo da massagista é a ferramenta que toca, soca, penetra, solta e relaxa músculos e nervos contraídos e doloridos. Pés, mãos, dedos, cotovelos, joelhos, calcanhares, o próprio peso da massagista trabalham corpos vestidos e estirados, frente e verso, sem óleo, no osso (com exceção da “oil massage”). A massagem tem uma pegada forte (que o digam os roxos nos tornozelos, canelas, coxas, braços e bundas que vi em muitos turistas pelo país). Os dedos e as mãos acertam e apertam veias e músculos do corpo, milimétrica e cirurgicamente; os cotovelos cravam e rebolam na contratura dos omoplatas, os pés caminham e dedilham pelas bundas, os joelhos encontram as laterais do esqueleto e dão o contraponto necessário, os braços do paciente – agora um torturado – são repuxados às alturas com os joelhos da massagista fazendo parede nas costas … a sensação é que o corpo está sendo alongado e espichado à força, em todas as direções e possibilidades. Como a maioria das massagistas não fala quase nada de inglês, é a expressão de torturado que mostra como ele está suportando o massacre. Aí, vem ela com as mãos juntas em forma de oração (imagino que de perdão também) e retoma à mão-de-obra, literalmente. Da primeira vez, passado o choque inicial da pegada, a sensação “After” foi boa. Marcamos a segunda massagem para o dia seguinte, numa casa a uma quadra do hotel, que oferecia também a “Herb Massage”. Meu marido não gostou de ser esfregado sem auxílio de um creminho e pediu uma “Oil Massage”. Pensou que viria uma tailandesa linda, veio um “Lady Boy” que deixou marcas roxas nos tornozelos e em seus conceitos machistas. Dali pra frente ele fazia exigências quanto à massagista: precisava ser mulher, pequena e fraca. A “Herb Massage” foi algo único e sem precedentes na minha vida de massageada. Duas trochas de ervas eram colocadas alternadamente numa espécie de chaleira elétrica, aquecidas e depois apalpadas em cada centímetro do corpo, repetidas vezes.

O vapor e a temperatura da trocha de ervas e aromas à base de cúrcuma+tamarindo+eucalipto+camphor+acácia+onze-outras-ervas-que-não-conheço-nem-nunca-ouvi-falar impregnava os poros e relaxava os músculos. Uma hora cheirosa e quente. Volta e meia, minha expressão de torturada dava as caras, já que minha massagista não tinha noção da temperatura da trocha recém saída do vapor em contato com minha pele-ocidental-branca e sensível. Nossa terceira e última massagem foi a “Footh Massage”, depois de um dia de muita pernada. Desta vez o cenário foi outro. Os procedimentos, idem. Numa cadeira de couro reclinável – numa clínica dentro de um shopping, com mais de dez massagistas de plantão das 8:00h às 23:00h – nossas massagistas lavaram nossos pés com suavidade, esfregaram um creme branco (comecei a me sentir em casa) e aí apareceu o “pauzinho”. O dito cujo fez suas peripécias nos nossos pés: apertava por entre os dedos, nas laterais, no topo, na base dos dedos e pés. Cosquenta como sou, quase subi as paredes. Reflexologia. Entendi por meio de um folheto que assinalava na figura do pé os órgãos internos a serem massageados. Minhas unhas foram beliscadas – isso mesmo, beliscadas, e nem me perguntem como se faz -, minha panturrilha devidamente apertada, minhas coxas afofadas. Depois, um chá quente pra acalmar e relaxar. Tínhamos pensado na massagem sueca com pedras para dar continuidade à seleção do spa tailandês, mas a agenda – e outras coisas – apertaram. Pode parecer que não gostei, muito pelo contrário, adorei a variação. Tanto é que trouxe uma trocha de ervas pra usar em casa. Decidi levá-la na minha próxima massagem, em Lajeado, a melhor massagem do mundo. Por enquanto, chega de variações. Meu corpo agradece e anseia pelo “feijão com arroz” de 10 anos. Marcinha, pode agendar horários pra fevereiro.