A primeira vez que fui foi em 1999. Depois de quase treze anos, a emoção e o encanto permanecem os mesmos da primeira vez.

Em 1999, fomos na excursão “Um Ônibus Brasileiro na África do Sul”, durante catorze dias, um grupo de quinze pessoas, pela falida e extinta SOLETUR. O programa foi divino, e certamente o Kruger Park foi um dos destaques daquela viagem. Mas, com um itinerário de dezesseis lugares fantásticos pra conhecer – sim, amei e amo de paixão a África do Sul – tínhamos apenas um dia para fazer o Safári Fotográfico no parque de mais de dois milhões de hectares.
Olhando as fotos – ainda não digitais – daquela viagem e as de agora, vê-se que alguma coisa mudou: a quantidade de carros e turistas. Talvez a quantidade de estradas asfaltadas e a infraestrutura dos hotéis, resorts e “Main Restcamps” (paradouros tipo Skukuza e Lower Sabie) do parque.
(Se bem que agora, fomos na alta temporada – dezembro – e da outra vez, na baixa temporada – março.) Os seres mágicos continuam todos por lá. Os Big Five – elefantes, rinocerontes, búfalos, leões e leopardos – são os mais procurados e assim reconhecidos pelo perigo do contato e caça.
Lá estão também as elegantes girafas, as curiosas zebras, os aquáticos hipopótamos, manadas de kudus, gnus, gazelas, pumbas (javalis), capivaras, pássaros, esquilos, crocodilos, a savana, os lagos, as árvores retorcidas … o Reino dos Animais Mágicos. Desta vez, em três dias.
Primeiro Dia:
Voo SA 223 da South African Airlines. Dez horas de voo de SAO a JNB. Três horas de fuso horário. Chegada ao Aeroporto O.R.Tambo, retirada do SPARK – nosso Baby – na Hertz Rent a Car. E começa nossa viagem de carro, quatro horas e meia, quatrocentos e cinquenta quilômetros. Mão inglesa e fico totalmente errada, meu cérebro dá “tilt” e rebobina: odeio estas surpresas que não são surpresas. Eu sabia e esqueci. Vou no banco do carona atrapalhada e perdida, sem saber pra onde olhar ou andar. Tudo está invertido e evito palpitar, acreditando que dois errados só pode dar besteira. Fico imaginando como funciona o cérebro de alguém que usa a outra metade pensante pra dirigir. Tem que ser diferente: sinto que estou fazendo “Spinning” cerebral na velocidade máxima. Chegamos ao Greenway Woods Resort – White River, distantes ainda 35 Km do Numbi Gate, o portão de entrada mais próximo do Kruger Park. Como é alta temporada, ficamos no entorno do parque onde as diárias de hotel são até 75% mais baratas. No problem. O Resort é aconchegante e o atendimento, maravilhoso. Um cochilo flash e às 15:00h já estamos no Numbi Gate, preenchendo formulários, pagando taxas e ingressos. Assumo o volante errado. Como a velocidade dentro do parque é de 50 Km/h, topei. Da primeira vez que fomos, andamos num Jeep Land Rover, alto e seguro, preparado para a aventura, com um guia gato sul-africano: Werner. Nosso pequeno “Baby” acomodou apenas uma mala no bagageiro. A outra ficou em pé e parecia que a traseira era logo ali onde o olho botava os olhos. Mas fomos, tranquilos e confiantes. E queríamos acreditar, seguros. O parque abre diariamente às 5:30h da matina e fecha às 18:30h no entardecer, pra quem não está hospedado nos Lodges e Acampamentos de Luxo, dentro do Kruger. O que foi o nosso caso, desta vez. Na próxima, estaremos dentro. Andamos, andamos, andamos, o sono de turista de classe econômica se abatendo e, nada. Só capoeira crescida que quase engolia nosso Baby. Turistas rodando, pássaros voando e o Guia do Parque esquecido dentro da mala, no hotel, a 35 Km. Felizmente o parque é bem sinalizado e de tempos em tempos aparece um “totem” sinalizando direções e distâncias a seguir para os Gates. Ao todo, onze em todo o parque. E, assim do nada, de repente, quase dormindo, eis que surge uma linda e tímida girafa que atravessa a pista de forma gentil e elegante.
A felicidade acorda. UAU, sim, estamos no Kruger. Chegam as zebras.
Depois avistamos ao longe, papai, mamãe e filhote rinos. E a objetiva no armário em SP.
Elefantes, impalas, impalas.
Chegamos pontualmente ao Numbi Gate às 18:30h. Velocidade impublicável.
Vistoria no carro. Sim, vai que alguém resolve levar um filhote de elefante ou uma gazela atropelada no porta malas. Tem que vistoriar mesmo. Check out no parque: limpos e lisos. Check in no restaurante do hotel: batalha sanguinária entre a fome e o sono. O jantar é simples, o vinho sul-africano divino – um Sirah Boekenhoutskloof fenomenal que precisa estar em qualquer adega que se preze, pode confiar – e um Petit Gateau com um intrometido maracujá doce australiano, partido ao meio, que fez um “up grade” na simplicidade da sobremesa. Hora de babar no travesseiro, já que o segundo dia vai começar às 4:30h e se estender até muito depois das 18:30h.