Dura. Uma rocha.
Inspiração petrificada.
O que sai
engasga coração e emoção.
Dia de chuva,
poesia molhada.
Barulhos:
Carros, aviões, passos e compassos.
Adjacências:
Pessoas, conversas, sussurros, gritos.
A impessoalidade do gotejar,
o cochichar dos salpicos das gotas
inundam vontades
e inspirações:
“Água mole em pedra dura,
tanto bate até que fura.
Lá fora, muito além da umidade,
dos borrifos orvalhados e refrescantes
o dia, a rotina, a vida.
E se inspiração fosse flecha?
Certeira no flagrante delito?
Não, nada de Vênus e Cupidos.
A idolatria e o deslumbramento,
o arrebatamento da inspiração.
A pedra furou.
Preciso sair.