4:30H: Lá fora, gritos, buzinas, descargas abertas de carros e motocicletas, foguetes – esta noite, assisti de camarote, a fogos de artifício, veja só a que ponto chegamos!!!! -, música e sons eletrônicos se alternam e competem entre si. Nem meu velho “Consul Air Master 15.000 BTUs” conseguiu aplacar a fúria do desrespeito, descaso e deboche. Numa noite quente, dormi de pijama, edredon e ar condicionado ligado no máximo. Não deu certo. E cá estou, acordada há uma hora, pensando que em alguns dias estarei de volta à São Paulo, às noites tranquilas de sono, no corredor do Aeroporto de Congonhas, com meu sono respeitado – já que pousos e decolagens não são permitidas entre 23 e 6 horas (há trâmites legais em andamento) – e o silêncio possível de uma metrópole em que o barulho noturno é como o ronronar de um gato. Persistente e onipresente. É figura de fundo. Está lá como detalhe da convivência de quase 11.000.000 de habitantes numa cidade que nunca dorme. Diferentemente de Lajeado – que tem em torno de 72.000 habitantes – em que o barulho infernal das noites de fim de semana são “foco concentrado” no entorno da UNIVATES. O barulho grita nas noites, antes tão silenciosas e tranquilas. Infelizmente este “luxo” se perdeu na morosidade das autoridades locais e na falta de bom senso e respeito das pessoas. Nestas cinco semanas, pude presenciar o agravamento exponencial do barulho nas noitadas da Tallini, indo da Alberto Pasqualini até a Alberto Müller, semana à semana. No trecho da universidade (2Km?) em que a RAVE semanal acontece – fui ver de perto numa noite destas – carros estacionados dos dois lados, porta-malas abertos com sons ao vento, bebidas e drogas rolando soltas e uma viatura de polícia estacionada, vidros fechados, visivelmente intimidada ante tamanha falta de limites. Ela representava maravilhosamente bem a inércia e incompetência das autoridades e da sociedade pra lidar com um problema totalmente solucionável. Enquanto os jovens tripudiam sem medo, o que fazemos nós? Tricotamos ideias, masturbamos alternativas, marcamos reuniões pra marcar outras reuniões pra pensar, pesar o impacto das decisões … marcamos novas reuniões … precisamos ser politicamente corretos, complacentes … moles. Nossas atitudes – ou a falta delas – tem sido tão covardes e tímidas como aquela viatura de polícia.
Lajeado: Terra sem Lei? Achei pesado quando li este desabafo, dias atrás, no Facebook. Mas, é nossa triste realidade. E, sinto informar: vai piorar. No rastro deste descabimento virá outro tipo de violência. Os ingredientes estão todos aí: drogas, álcool, imaturidade juvenil, falta de limites, de contenção, de autoridade … A granada está montada e armada. Só falta puxar o pino.
6:05H: Ainda escuto algumas vozes alteradas e batucadas lá longe. É domingo. Será que às 7 horas vai começar o inferno de caminhões, sirenes, buzinas e máquinas de cortar grama?
Por enquanto, pássaros alvoroçados avisam que o dia amanheceu e que o sono é primordial para a saúde.
Realmente , não foi pesado o texto, pesado é o que lá acontece, houve uma inversão total de valores e por incrível que pareça também aí falhou a família , tenho certeza se estas pessoas tivessem crescido aprendendo a ter limites e respeitar ao próximo também não estaríamos passando por isto tudo, imagina a sensação de poder destes jovens ver uma viatura policial com os vidros fechados e eles a milhão, estamos acima da lei, isto não é falta de respeito ???? Será assim sempre só irá mudar quando fatalmente acontecer algo pior do que aí esta infelizmente , e não precisaríamos fazer nada a mão ser respeitar a Lei que já existe mas vamos esperar o pior como p caso de Santa Maria , depois tomaremos uma atitude, mas também este barulho não é na janela de quem deveria mandar cumprir a lei este barulho é no lado da sua casa !!!!!!!! Brasil qual é teu negócio ……
Luis Augusto! Concordo com suas palavras: existe uma inversão de valores e uma estupenda falta de limites que certamente já vem de casa (postei sábado sobre o tema, dê uma olhada). O que fazer com isso é o grande problema. Adorava vir a Lajeado descansar e ouvir o silêncio. Criei meus filhos soltos pelo bairro e eles tiveram uma infância e adolescência como muitos outros poderiam ter. E não vão ter. Infelizmente, Lajeado está indo na contramão da evolução e dos direitos humanos e isto inclui a nossa universidade, que deveria criar mentes pensantes e conscientes. Não é o que estamos vendo. E Lajeado perde com o que está acontecendo. Nosso Éden não existe mais.