Não importa se é a segunda, terceira, quarta vez … Tenho relido livros e, nem parece. A impressão é de ser um livro inédito. Como se fosse a primeira vez. Tenho visto também, o mesmo filme, várias vezes. Como se fosse a primeira vez. Sempre vejo algo novo. Algo que – eu poderia jurar – nunca esteve lá. Já fiquei apavorada imaginando tratar-se de uma senilidade precoce, um Alzheimer qualquer. Me rendi à repetição. As crianças convivem maravilhosamente bem com ela. Ela tranquiliza e acomoda numa rotina conhecida e segura. Sem contar que, eu ontem sou diferente do eu hoje, mais diferente ainda do eu amanhã. Como poderia estar lendo o mesmo livro ou assistindo ao mesmo filme se nem ao menos sou sempre a mesma?
Acontece o mesmo comigo – com todos, creio. Estou relendo A Sombra das Raparigas em Flor, segundo volume da ‘Recherche…’ do Proust, e, em muitos momentos, parece que jamais estive ali; eu, que nunca me afastei longamente desta obra desde que a conheci.
Mas tem aqueles ‘inesquecíveis’ que grudam e, ainda assim, volto a eles com prazer. ‘O Fuzil de Caça’ (Yasushi Inoue) é um desses. Não há mais surpresas, pra mim, naquelas três cartas, mas o encantamento é recorrente.
Bacana Santana! Também tenho aqueles que não canso de ler e rever. Anotei seus favoritos. Abraço.