Minha sorte está em ser mulher, de poder sentir a vida de forma intensa e verdadeira, de poder chorar sem sentir vergonha, de cometer enganos sem sentir que era obrigação acertar, sorte por me perceber e me olhar diariamente no espelho e achar que estou bem, sorte por eu ser feliz como sou, sorte por me permitir ser e pensar assim, sorte de ter a família na qual me criei e criei, nos maravilhosos pais separados que me ensinaram que o mais importante na vida é ser feliz, que a felicidade somos nós quem construímos, pelos irmãos que acreditam e lutam por sonhos de uma vida melhor, mesmo sabendo quão difícil pode ser, sorte pelo marido e filhos lindos, amorosos e dedicados, cada um num momento novo, vivendo humanamente estes momentos: rindo, chorando, brigando, com desespero e alegria, mas acima de tudo, vivendo com emoção e intensidade, sorte pela casa cheia de nós, cheia de amor e amparo, nosso Shangrilá, onde zeramos o que nos incomoda, onde recarregamos nossas energias, sorte pela saúde de ferro que me permite fazer o que quero e quando quero, sorte pelo trabalho que tenho e adoro, por conviver com pessoas cheias de histórias e sentimentos, sorte por…… tudo!
Talvez a maior sorte que devemos almejar seja perceber tudo que podemos ter e ser. Basta trocar o ângulo ou os óculos! A lente pode estar fraca ou forte demais, fora de medida.
Quanto à outra sorte – aquela que todos apostamos – sinto informar, apenas uma cesta de roupa íntima, da qual sequer lembro, e um perfume, que idem, não lembro qual foi, nem mega-sena, loteria, prêmio …
Lajeado, julho de 2007.