Dias atrás reli um artigo – que escrevi para um jornal – sobre infidelidade feminina. Assunto espinhoso e cavernoso. Qual teria sido o melhor enfoque: O psicológico, o afetivo, o científico, o jurídico, qualquer um, todos? Como abordar a monogamia, a poligamia, os casamentos modernos em meia folha de jornal? Divagando sobre o assunto, sem restrição de linhas e sem o enfoque conjugal, pensei no que realmente entendo por fidelidade. Conheço homens que não conseguem ficar muito tempo com a mesma mulher, mas são fiéis a uma mesma marca de carro ou eletrônicos, do tipo “Aqui em casa só entra Wolksvagen e Sony”. Sem falar na fidelidade com o time de futebol ou os próprios amigos (afinal, homem não entrega homem)!! Conheço mulheres que apesar de fiéis a seus maridos e namorados trocam o tempo todo de empregada, cabeleireiro, marca de margarina, extrato de tomate, iogurte. Sempre acreditando que o outro (ou outra) podem ser melhores do que o que tem ou conhece. Quantas pessoas conhecemos que sonham ou desejam o vizinho, o dentista, médico, ator, atriz de televisão ou jogador de futebol, mesmo estando muito bem casados ou acompanhados?
Somos infiéis quando desejamos o novo, o diferente, o desconhecido? Quando exercitamos nosso equipamento sensorial e nossos desejos? Dando asas à imaginação? Soltando fantasias reprimidas? Avaliando possibilidades? Pesando e medindo realidades?
Porque não! É difícil ser fiel? Quem trai mais: o homem ou a mulher? Perguntas espinhosas para uma resposta escorregadia: depende. Depende de quem somos, do que queremos e no que acreditamos.
Conhecendo-se verdadeiramente, saberemos ser fiéis ao que realmente importa.
Los Canales, outubro de 2006.