Ufa, um computador! Depois de aposentar definitivamente nossas CPUs e monitores de mesa e adotar integralmente os notebooks, eis que me pego com meu “note” com a tela empretecida e nenhum sinal de vida. O botão de liga/desliga inclementemente impassível e insensível. Nada de nada acontece na minha Ferrari Mac Book Air, tida como inviolável e indestrutível! Mas, como tudo na vida, meu Mac caiu na lona, tal qual o lutador Anderson Silva, com a perna quebrada, e está, há praticamente um mês, fora de combate. Entre as festas de final de ano, as férias e a cirurgia de emergência do técnico especialista em Apple, meu Mac deve estar, imagino, lépido e faceiro, curtindo a maior preguiça em alguma prateleira empoeirada, em meio a muitos outros eletrônicos, todos em férias forçadas, talvez, mais que merecidas. Enfim, ele que descanse enquanto pode, pois assim que puder colocar meus dedinhos saudosos nele, sugarei toda sua vitalidade restaurada, no afã de recuperar um mês de estagnação. Desta parada forçada, a certeza de adotar um computador de mesa para emergências, o quanto antes. Escritor blogueiro que não escreve, pelo menos precisa ler e fazer anotações. Shakespeare, Virgínia Woolf e Dostoiewski foram meus companheiros da era pré-modernidade, e assim como eles, neste período “out”, retornei ao eterno papel e lápis/caneta para escrever e fazer algumas anotações, perdidas e esparramadas por aí. Talvez estejam armazenadas na minha memória taitiana prodigiosamente descrita por Elizabeth Gilbert em “A assinatura de todas as coisas”. Hora de resgatar insights e ideias, alinhavar e costurar conclusões e possibilidades. Descobri e usei precariamente mais recursos do meu celular, tido sempre como um mero receptor e emissor de chamadas, promovido tempos atrás, a menino de recados virtuais. Agora, quem diria, foi catapultado a elo de ligação com o mundo perdido nas ondas cibenéticas do meu atual endereço sideral. Foi ele quem me propiciou navegar nas bordas da internet e me manter semi-viva. Nem acredito que sou eu a dizer isso. Nem a tantos anos atrás, acreditava que computador era uma máquina de escrever sofisticada, internet era uma janela aberta e perigosa para um mundo desconhecido, temido e desejado, Facebook uma perda de tempo pra gente desocupada, Blog um ilustre desconhecido e coisa de adolescente. Felizmente, evolui. E, embora continue acreditando que computador seja uma máquina de escrever sofisticada; Internet é muito mais que uma janela; é um portão gigantesco que se e nos abre ao mundo, a tudo e a todos; Facebook, além de perda de tempo pra gente desocupada, revelou ser mais, muito mais. O promovi agradecida e feliz da vida, à sala de estar e convivência entre desocupados e ocupados, onde cultivo meu ócio, solidão, alegria, tristeza e vida de maneira curativa e criativa e transcendo na aventura da amizade desprovida de interesses, por puro interesse de conhecer gente diferente, fazeres e quereres diferentes; Meu blog htpp://bySuzete.wordpress.com, descobri ser muito mais que coisa de adolescente, tornou-se coisa de adulto, meu arquivo existencial. É nele que me descubro e me revelo.
Todas as modernidades e amenidades que preenchem vidas, nos unem como seres únicos e universais, mantendo-nos na órbita interplanetária da contemporaneidade.
Percebi que desconectar-se é retroceder e perder-se no tempo. Mas, é também recuperar nosso próprio tempo.
E assim, perdida no tempo e em meio a caixas fechadas de material de pouco uso, descubro meu notebook VAIO antigo – totalmente ultrapassado, versão Windows 2003, enfermo dependente integral do cabo na tomada – em perfeito funcionamento.
Hora de ressuscitar um velho companheiro abandonado e resgatar memórias taitianas.
Presumo ter recuperado ao menos uma máquina de escrever mais sofisticada.