Quando menina, adorava catar conchas na praia. Cresci, perdi o hábito, passei a comprar conchas – lindas e perfeitas – e agora, mais madura, voltei a catar conchas na praia. Não as mais belas, nem as mais perfeitas. Tenho procurado aquelas com formas, tamanhos e cores diferentes. A diversidade me impressiona! As mais perfeitas chamam pouco minha atenção. As mais deformadas tem me cativado mais. Talvez tenham tido um processo de formação mais caótico, mais sofrido. Imagino-as sobreviventes e resilientes e me identifico com elas.
Na realidade, “As conchas, que servem de proteção para vários animais, principalmente moluscos, como mariscos, ostras e caracóis, são estruturas complexas formadas basicamente por cristais de carbonato de cálcio (CaCO3). O órgão que forma a concha chama-se manto, um tecido delgado presente no corpo dos moluscos que permanece em contato direto com a parte interna das conchas. Ele secreta uma matriz orgânica, que funciona como liga de sustentação para a deposição dos cristais de carbonato de cálcio. Essa liga é composta, basicamente, por proteínas que são sintetizadas pelo animal a partir de aminoácidos obtidos na alimentação. Mas não é só pela alimentação que os moluscos obtêm cálcio. Essa substância também pode ser absorvida pela pele do animal diretamente da água do mar, rica nesse mineral.” (fonte Galileu.globo.com)
Ou seja, nada de poesia.
A realidade é dura e pura.
A função básica das conchas – de proteção e alimentação – tem tudo a ver comigo, meu momento de vida, minhas perdas e ganhos.
Assim como elas, já fui mais necessária.
Ainda posso ser muito útil, por isso, nada de dramas.
Assim como elas, pretendo ser luz.
Sou elas.