“- É, e utilizamos a família para traduzir símbolos emocionais na infância. Por exemplo, uma criança reage mais ao som da voz do que às palavras em si. A interação intuitiva aguça sua percepção para que possa discernir o mundo. Se uma criança escolhe um pai dominador, é porque ela quer resolver um problema da prepotência. (Lembranças do meu pai) Se uma criança escolhe uma mãe passiva, talvez sua tarefa seja fazer a mãe sentir o que é ser dominada. (Lembranças da minha mãe) Há tantos roteiros íntimos em cada alma humana. Só a alma sabe porque escolheu seu drama. E quanto maior a compreensão da alma, menor a confusão que ela sente.
– Veja, se disséssemos aos nossos filhos que eles nos escolheram como pais, a criança aprenderia desde cedo a assumir uma responsabilidade maior pelo seu destino. É por isso que o esclarecimento é tão importante. Não estamos agindo com suficiente conhecimento em nossa sociedade. Desta maneira, ou a criança desiste diante do autoritarismo de que é vítima, ou se rebela. Mas sua alma sabe intuitivamente que não pode culpar os pais pela sua situação seja ela qual for. Uma criança excepcional escolhe passar por esta experiência. Se não consegue superar a dificuldade, vai continuar a suportá-la. Pára na condição de vítima e utiliza isso para perpetuar o esquema. O reconhecimento da própria responsabilidade na situação a faria romper o esquema e se libertar dele. Mas como é que pode fazer isso se de início não lhe ensinarem porque ela está nesta situação?”
(Dançando na Luz, Shirley Maclane ,pg 244)