Preferências Literárias

Sempre gostei de ler romances longos, densos, profundos. Trezentas páginas, no mínimo. Se o tema e o estilo do escritor me fisgarem, leio sem medo ou pressa. Glutona que sou, devoro o tijolo em poucas noites. Romances continuam sendo meu gênero literário favorito, a lista de autores é enorme em eterno processo de expansão. Sempre que posso, leio gente diferente, de nacionalidades e culturas diferentes e faço A Viagem.

Já os contos não me atraem. Curtos demais, magros demais, finos demais. Falta-lhes gordura. Já li contos maravilhosos, mas fiquei sempre com aquela “vontade de quero mais”. A sensação é de um texto focado, recortado e enquadrado. Prefiro textos em 360 graus. Por isso, os 50 Contos de Machado de Assis assombram meu criado mudo há meses. Os 100 Melhores Contos Brasileiros do Século, há anos.

Por incrível que pareça, adoro poesia. Mas, prefiro escrever a ler. Ler a poesia dos outros é – geralmente – chato e ininteligível. (Isso se aplica também à minha poesia. Ou seja, quem lê deve achar um saco). Pra entender poesia, consulto o dicionário, viro-a de cabeça pra baixo, espremo, espicho, metaforizo, tento me colocar no lugar do poeta, mergulhar em seu mundo e em suas palavras, leio, releio e nada. Várias poesias foram parar no limbo ou no buraco negro. Escafederam-se. Então me lembro de uma expressão que li anos atrás “ Fulana é um ser em evolução. Ela está apenas aprendendo a ser”. No caso, a Fulana sou eu. Estou aprendendo a ser uma leitora de poesias. Por enquanto, meu poeta favorito é Mário Quintana. Pablo Neruda é outra possibilidade. Para os demais, preciso evoluir mais. Muito mais.

Outro gênero que adoro, e não sei bem como classificar, são os pequenos textos de ideias, reflexões, pensamentos, impressões, relatos do cotidiano. São projetos ou pinceladas que instigam o leitor a abrir a porta e dar uma espiada. Apenas isso. O que pode ser o suficiente pra catapultar a imaginação e a opinião do leitor em qualquer direção. Clarice Lispector e de novo Mário Quintana. Mas tem outros: Rubem Alves, Lygia Fagundes Telles …

Quanto às crônicas, ando meio enfastiada. Basta ler o primeiro livro do autor pra conhecer sua posição e opinião, o jeito de escrever e se expressar. Todos os outros livros – e a maioria dos cronistas – repetem a fórmula. É como livro de autoajuda: leu um, leu todos. De quem não me canso, nem enjoo é da Danuza Leão. Tenho quase todos os livros dela e admiro – sempre e cada vez mais – seu jeito de escrever e se expressar. O que mais impressiona nas crônicas é a ausência de lição de moral e a opinião sincera – sem ser politicamente correta – sobre os mais diversos temas. Em seu último livro “Danuza & sua visão de mundo sem juízo”, ela encanta com a mistura de temas fúteis e papo cabeça num viés sempre humorado e inteligente. Estilo Danuza, com o qual me identifico muito. Mas o pulo do gato é o jeito diferente de contar um conto: um conto com cara de crônica. Uma crônica com cara de conto. Exatamente assim! E desse jeito, acho que vou aprender a gostar de contos.

Existe esperança para meu Machado de Assis empoeirado!

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