Eu, minha natureza

Cresci entre a montanha e o rio.

Entre o verde da mata e o cascalho cinzento do rio

de temperaturas e cores imprecisas.

O vale sinuoso – verdadeira obra de arte –

Emoldurado pela terracota, o dourado, o verde e o azul.

O contraste das cores na palheta de tons

Refletindo a energia e a beleza interiorana.

Cresci ouvindo guinchos de bugios, miados de gato, coachar de sapos.

Tico-ticos e quero-queros competindo com joão de barros e canários da terra.

Cascudos e pintados encurralados em covos e anzóis.

Cigarras e corujas orquestrando

  • dia e noite –

sinfonias sem partituras.

O balançar das carroças, o trotar dos cavalos

E o passo cadenciado do gado

Marcaram a carne e demarcaram sua posse.

Meu amor pela terra é vital.

É dela que brota, cresce e floresce

A força de toda uma gente.

sou parte dessa gente.

Parte de mim é montanha.

Parte, é rio.

Esse todo é passado.

O futuro amanhece comigo.

Saio do quarto e vejo emoldurado

O mar

  • crispado verde, cinza ou azulado –

por todo o horizonte a me abraçar.

Veleiros e barcos singram as águas,

As gaivotas vem, sobrevoam minha morada e convidam:

Elas querem me conduzir ao mar.

Porém, entre nós

– o mar e eu –

além da pequena distância,

existe uma agenda de compromissos e uma imensa preguiça.

Por ora, existe apenas atração física.

Amor platônico, talvez.

O amor precisa de paixão e namoro. De tempo.

Estou em falta com o tempo e o mar.

Com o amor.

O futuro anoitece comigo ao som das ondas.

Elas sempre me encontram.

 Elas querem me namorar.

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