Pela manhã, pressinto
pontadas no coração: ele sofre agoniado.
Na cama, ainda,
o dia se mostra por inteiro. Me encolho. Medito.
Escuto o coração e a respiração.
Me acalmo. O relógio prediz a largada:
mais dez minutinhos.
Tomo café, respiro fundo, engulo a intrusa misturada com torradas.
Organizo a agenda, abro a porta.
Levo apenas a lista do viver.
Aquela pontada insiste:
quer ser minha caroneira.
Ela espreita e acena.
Faz sinais.
Quer ser notada e respeitada.
Exige significância.
Me faço de desentendida e mal-educada.
Ela que fique onde está
– não há espaços para ela -.
Me ocupo inteira, tranco a porta e saio.