Casa abandonada tem poeira, goteira e sujeira
Tem encardido, portão enguiçado,
Interfone quebrado, telefone chiado.
Gelo na geladeira vazia,
comida mofada, estragada, passada.
Casa abandonada tem lâmpada queimada, pilha fraca,
conta vencida e esquecida.
É morada de pombos apaixonados, pássaros esganiçados, gatos perdidos
morcegos barulhentos e abelhas intrometidas.
Sem contar nos móbiles de aranha, baratas assustadas,
formigas incansáveis, mosquitos famintos e gambás pelo telhado.
O gramado é selvagem,
a piscina pantanosa,
a natureza majestosa:
indomável e caprichosa.
Folhas e galhos espreitam entre cartas e propagandas,
Esparramadas ao vento
e a contento do carteiro desavisado
Casa abandonada parece casa de ninguém.
Esta casa é minha.
Abandonada – quando entrelaçada – até quando?