“Moto é desapego” (disseram-me na Morada dos Pinheiros, em Bom Jardim da Serra) – Sábias palavras, um lugar encantador – Desapego de conforto, de segurança, de beleza … Acrescento +:
Moto é viajar nas sensações, nos cheiros, sons e texturas,
– também ouvi isso –
É vento que afaga, acarinha e aranha a pele,
É sol que abrasa, chuva que alfineta.
Cheiros que – vários, insanos, lúdicos, cheirosos – inalam o corpo.
É luz que, por xs, cega e escurece a alma
por xs, clareia e engrandece o dia,
É velocidade que excita e assusta
nas curvas que engolem e se alargam na estrada.
– sinto tudo isso e muito + –
como listar a imensidão de sensações e sentimentos em momentos e instantes que parecem infinitos a dois pés do asfalto quente, rugoso e vertiginoso?
A viagem sobre duas rodas pode ser intensa e perigosa.
Como a vida.
Sobre duas rodas, duas pernas ou não, o perigo transita e espreita a vida.
Viver – disseram-me também – é flertar com o perigo.
Ando indecente.