Tempos atrás vi ou ouvi, não lembro mais, que existem distâncias que as pessoas precisam ter umas das outras pra não se sentirem invadidas. Por exemplo, o australiano e o europeu (na sua maioria) precisa ter de 1 a 2 metros entre ele e o outro (óbvio que estou falando do contato cotidiano entre colegas e amigos. Imagino que a intimidade permita maior aproximação em qualquer nacionalidade). Brasileiros gostam de estar próximos, gostam de beijos e abraços, beirando muitas vezes ao exagero. Mas daí, perdi o fio da meada. O rumo da conversa. O espaço também. Percebi então, ao ler posts antigos do meu blog, depois de ler a frase de Clarice Lispector “eu me dou melhor comigo mesmo quando estou infeliz: há um reencontro. Quando me sinto feliz, parece-me que sou outra. Embora outra da mesma. Outra estranhamente alegre, esfuziante. Levemente infeliz é mais tranqüilo.”o quanto ando deprimida, down, pra baixo. Sei das minhas oscilações de humor, hormônios, menopausa, tireóide, stress. Coisas de mulher de meia idade, ninho vazio, mudanças e recomeços. Cheguei à conclusão de que, ou só escrevo quando estou deprê, ou, não escrevo quando estou superanimada e feliz. (Quem convive comigo sabe que sou uma pessoa essencialmente feliz e bem humorada!!!) Quer dizer que ensimesmada fico mais reflexiva? Fico – ou pareço – mais depressiva? Só sei que preciso de espaço pra fazer crescer idéias, atos e fatos. Preciso de espaços gigantescos pra abrir as asas e voar, pra criar meu mundo e me realocar. Sem este espaço o outro me aprisiona, me anula, me faz ser quem não sou. E aí me perco de mim mesma pra me reencontrar de novo no espaço indeterminado do silêncio e da solidão.
Este espaço não tem medidas físicas. É puramente sensorial.
Magistralmente essencial.