Por mais que a gente resista, não adianta: ou a gente mergulha, ou acaba se afogando neste imenso oceano digital. Lembro quando recebi meu primeiro convite para entrar no Facebook. A psicóloga aqui, receosa de se expo, agradeceu, se esquivou, se escondeu. Ainda não estava pronta para o mundo virtual. A solidão em São Paulo pegou de jeito, e como todo mundo tinha seus amigos, seus compromissos, seu dia a dia e seu mundo, chegou a hora de desbravar o que seria meu próprio universo dentro da imensidão paulistana. O Facebook foi apenas uma das ferramentas utilizadas. Com ele mantive laços e notícias, que mesmo longe me faziam sentir estar perto. Levei meu mundão gaúcho para uma São Paulo ainda desconhecida e inexplorada. Aos poucos, a metrópole me cativou – e quem diria – me faz sentir saudades, ainda hoje. São quase 5 anos de Facebook, 585 amigos e muitas horas de diversão, aprendizado, trocas, encontros, surpresas, felicidade, saudades… algumas ausências esporádicas, crises e contratempos, que no geral, foram absorvidas pelo ritmo alucinante que define o mundo em que vivemos. Para dar conta desta intensidade que é o viver neste recém nascido século 21, querendo ou não, gostando ou não, acabamos por permitir a abdução virtual. Somos todos colonizados, contaminados, infiltrados e abduzidos por este gigantesco planeta digital. Em maior ou menor grau, ninguém mais vive sem as mídias digitais. Me esquivei do Orkut, do Messenger e de tantos outros dispositivos e aplicativos. A gente pensa que sabe, mas não sabe de nada, ou quase nada, ou muito menos do que imagina saber. Pra ter uma ideia, fui comunicada via Gmail, que meu perfil acabou de ser oculto no Twoo. ?????? Como bem diz meu marido: somos todos BIOS (Burros Ignorantes Operando o Sistema).
Mas, então. Menos solitária, meu novo dilema (o que seria de nós sem eles?) era conseguir falar com o filho. Foi minha nora quem passou a dica e instalou o Wathsap. Este era o melhor jeito de localizá-lo e conseguir falar com o menino fujão (as namoradas sempre sabem como encontrar seus namorados). Ponto pra ela. No início até que funcionou. E, como mãe é mãe … a gente aprende a viver no escanteio. Logo, ele identifica a chamada e fica no maior drible com meus insistentes ei, ei, ei, ei, ei, ei. Tenho pensado seriamente em baixar aquele aplicativo criado por uma militar inglesa ou americana – não lembro mais qual a nacionalidade – que quando o filho não atende as ligações da mãe, automaticamente o aparelho do filho fica bloqueado, e só libera depois que ligar pra mãe (olha a que ponto chegamos). To pensando seriamente nisso!!!!!
Mas então. Nesta onda de conectividade e interatividade, além da família dispersa, também fazemos parte de uma comunidade de amigos dispersos entre São Paulo, Porto Alegre, Recife, Floripa e Lisboa. A ideia de criar um grupo no Wathsap intitulado Amigos (inspirado no grupo Família, também do Wats) tem criado o maior burburinho: receitas, passeios, jantares, dicas, bingos, notícias, fotos, trabalho, mensagens e tudo que se pode imaginar do dia a dia de pessoas antenadas, dinâmicas, queridas, amigas, divertidas … haja adjetivos pra tanta coisa boa que são os amigos. De repente, estamos lado a lado no dia a dia de cada um. Tem como a gente se sentir solitária?
Enfim, do limão uma limonada! O que a gente realmente precisa é saber se locomover neste maravilhoso Universo Virtual. Usufruir o que ele tem de bom, minimizar os pontos negativos … fico só imaginando até onde seremos capazes de ir. No ritmo que a coisa anda, sinceramente, o céu não parece ser o limite.