Depois dos discos de corte, da escavação e da contratação do rebaixamento do lençol freático, muitas outras atividades bagunçaram a minha vida. Definitivamente construir não está entre as minhas atividades favoritas. O ritmo é matinal e diário. As compras são pra ontem do tipo “preciso de 1000 centopeias, 6 kg de arame recozido, 5 metros cúbicos de madeira …” e lá vou eu. Todo o resto fica em compasso de espera: a obra não pode parar. Como muitas vezes nem desconfio o que estou comprando, não imagino a real urgência de tudo. Compro e entrego – ou mando entregar – na obra. As perguntas diárias mais frequentes tem sido porque, o que é, pra que serve, precisa mesmo, quanto custa, quais as condições de pagamento. Aos poucos vejo surgir dentro da cratera escavada a base da nossa casa. Consigo distinguir os ambientes projetados no papel, ando pelo concreto magro e avalio o tamanho de tudo, e já começo a encontrar erros e me angustio com o que não posso deixar de prever e providenciar. Pior é saber que mais erros vão aparecer e não tem como lembrar de tudo. Depois da concretagem das sapatas, do concreto magro, chegou a hora da primeira grande concretagem: todo o subsolo da casa, ou, o casco do navio. Percebo agitação no construtor, engenheiro e pedreiros. Como entendo o básico do básico, não vejo a hora de terminar. Minha certeza é de que não deixei faltar nada na obra. E, se alguma coisa der errado, a culpa não é minha.