Sinceramente, não tenho resposta para esta questão, aparentemente fácil. Quando menina, fazia parte do Clube do Livro (guardo até hoje alguns exemplares, implorando restauração). Entre comprar uma calça jeans ou um livro, pelo que me lembro, raras vezes era extravagante o suficiente para optar pelo livro – e é por isso que tenho míseros 5 exemplares estropiados. Na época, os livros da biblioteca do colégio de freiras onde eu estudava, me atendiam muito bem. Eram tempos de livros recomendados pela professora de Língua Portuguesa, tipo Dom Casmurro, Escrava Isaura, O Cortiço, etcetcetcetc . Até que um dia, descobri Sidney Sheldon … lá no fundo escuro e não recomendável da biblioteca das freiras.
Depois veio o período da faculdade de Psicologia. Livros técnicos, preços técnicos. Foi a era dos xerox e das apostilas, e, de quando em quando, um ou outro livro, que não comprometesse o apertado orçamento doméstico. Depois de formada e trabalhando na área, montei minha tão sonhada – e possivelmente desatualizada – biblioteca.
Quando comecei a escrever e a me dedicar `a literatura, toda minha folga orçamentária e desejo de leitura migraram para outras vertentes de temas, autores e interesses. No começo comprava livros recomendados por amigos e pela lista dos mais vendidos das revistas Veja e Claudia. Depois vieram os livros recomendados pelos professores e colegas entendidos das Oficinas Literárias que frequentei. Tenho meus “abacaxis” numa prateleira que chamo de “Livros para os quais ainda não estou pronta”. Qualquer indicação, por melhor que seja, é totalmente subjetiva. A possibilidade de unanimidade inexiste. Sem contar o gosto pessoal, o estilo, o momento de vida, e porque não falar, a evolução da própria maturidade literária. Tenho colegas que dizem se negar ler Paulo Coelho. Tenho todos os livros dele, e adoro. Assim como tenho – e adoro – outros livros tidos como literatura medíocre, ou popular, tipo a Saga Crepúsculo, Cinquenta Tons de Cinza, Harry Potter, etcetcetc. Tambem tenho livros de autores consagrados ao longo dos séculos e criticas literárias. Ernest Hemingway é um dos meus favoritos. Mia Couto, também. Tem os russos, que aprendi a amar. Rosamunde Pilcher, Saramago, Irvin Yaloon, e outros tantos. Isabel Allende, Anais Ninn. Tem os novos nomes, elogiados por alguns, vistos pelo rabo do olho por outros. Tem os que gosto mais, os que leio dormindo, os que apenas leio, cada um tem seu momento e seu tempo no meu tempo que também tem seus momentos.
Agora, estou na fase das pechinchas. Livro bom e barato. Autores desconhecidos, baixas tiragens, livros de amigos, livros que não figuram nas listas dos mais vendidos e novidades. Compro o passado literário. Colho outros “abacaxis” que vão para aquela mesma prateleira. Aquela … Um dia estarei pronta para eles. Nem que seja para doa-los para a prateleira de outro alguém.
O que tem me importado neste momento é o simples prazer de ler, aprender palavras novas, fixar a nova ortografia. Descobrir novos jeitos e estilos. Circular pelas possibilidades que qualquer livro oferece. O máximo que pode acontecer é “aquela” prateleira virar duas prateleiras, e alguém ficar muito feliz, num futuro ainda bem distante. Sou sempre generosa com livros e autores. Dou-lhes inúmeras chances de mostrar a que vieram.
Acredito que cada livro tem seu tempo. Assim como o bom vinho. E, nós também.
Onde encontro as maiores pechinchas? No site das Lojas Americanas e nas Livrarias Catarinense. Estipulo o valor máximo que vou gastar por livro e o total geral da compra. Na ultima compra foram seis livros por R$ 84,00. Seleciono pelas orelhas os livros mais interessantes, e me deixo levar.
O que posso dizer deste meu novo método mão de vaca para escolher livros? Minha biblioteca literária tem aumentado exponencialmente, tenho lido textos interessantes (o segredo é dar um ou dois dias entre um livro e outro, algo como se desintoxicar pra se deixar impregnar com outra novidade), alguns ficam Naquela prateleira, esperando seu tempo chegar (e este tempo, sempre chega. Basta ter paciência e perseverança: Proust e Cortázar que o digam). E, de quando em quando, comprar aquele livro que todo mundo está comentando nas redes sociais, revistas e jornais.
Uma coisa interessante na literatura é que você vai descobrindo todo um universo literário rico e diversificado. Quase todo livro indica ou cita outro livro, filme ou artigo. E assim, como num rosário de contas, você vai mergulhando devagarinho nas ideias e mundos de muitas pessoas interessantes, inteligentes e antenadas com a contemporaneidade. O mais importante é ler, exercitar a memoria e a imaginação, incrementar a cultura, as ideias e o vocabulário. Experimente seu jeito. E não se frustre pelos abacaxis que você – ocasionalmente e certamente – for comprar. Guarde-os e espere o momento certo chegar.
Oi Suze, li gostei muito, parabéns.
achei interessante também porque na sexta feira vi o programa Globo repórter e o tema era o mesmo, e me chamou atenção por ver tantas crianças e jovens apaixonados por livros, isso é muito bom.
Meu netinho de 4 anos ama livros e não sai de uma livraria sem um livro e lá vamos nós ler e contar incessantemente.
Dos autores que você ditou já li vários, confesso que dei uma parada nos livros, mas…já comprei u. Esta semana e vou começar a ler hoje!
Bjs
Vera