Fazer vela é uma atividade que exige algumas aptidões especiais. Talvez a mais importante de todas, seja a atenção, já que o processo envolve riscos de queimaduras graves. Por isso, um olho no fogareiro, outro nas velas. Qualquer descuido, pode ser fogo. Literalmente. Mesmo assim, volta e meia, sobram pingos de parafina a 120 graus e panelas tinindo de quente, que vão sapecando, pouco a pouco, a pele sensível de mãos e braços. Imagina, tombar panelas e formas fumegantes!!! Quando faço velas, fico 100% atenta a todo o processo. A cada saidinha mínima, me certifico de que tudo está desligado.
Outra aptidão é a tolerância `a bagunça e desorganização, inevitáveis quando o espaço de trabalho é pequeno, os riscos enormes e a quantidade de material bem variável. Não ser perfeccionista também é interessante, já que nenhuma vela sai 100% perfeita. As minhas sempre saem um pouco tortas.
Ter tempo e espaço é fundamental: só começo a fazer velas quando estes dois itens podem ser satisfeitos integralmente, bem como, ter material suficiente para fazer a maior quantidade possível. Nem comece, se não for pra fazer velas para, no mínimo, um ano. É função demais.
Óbvio que a prática ajuda muito. Como fazia dois anos que eu não mexia com o material, primeiro reli a apostila, coloquei todo o material a ser usado – bem `a mão -, forrei o piso e a mesa onde o trabalho iria acontecer e comecei o processo de preparar remedinhos, pilotos e a vela, propriamente dita. Cada etapa exige cuidados e tempos específicos. Tudo acontece por etapas. Imprescindível é não esquecer de passar vaselina líquida – sem economia – em todas as formas a serem usadas. Caso contrário, tudo fica grudado e a vela não acontece. Esse ano resolvi que usaria poucos elementos. Mudei de ideia assim que as primeiras velas ficaram prontas. Sem dúvida, a vela fica muito mais bonita quando os elementos que a circundam são de uma abundância generosa.
O que tenho feito, cada vez mais, são as velas em potes, xícaras e conchas. Como moro na praia, as velas de conchas aconchegam as noites de verão e os jantares regados a vinho branco e frutos de mar. Depois de usados, deixo-os de molho em água fria, pra depois lavar potes e conchas. Engana-se quem pensa que é a água quente que limpa os restos de parafina. Para remover os excessos, o jeito é deixar em banho-maria, até a parafina derreter e soltar, por isso, não recomendo potes muito grandes. O tempo gasto, mais o gás, não compensam. Sem contar que pra acender a vela, `a medida que ela vai sendo usada, vai ficando mais difícil e o efeito da iluminação da vela, se perde.