Dormi. Cochilei e dormitei o dia inteiro.
O tempo todo.
A cama foi meu tatame, minha quadra, minha arena.
Outro dia amanhece. Outro dia de tatames e arenas e quadras.
Dia de persiana abaixada, portas e janelas cerradas.
O breu, a escuridão.
Meu mundo sou o que cabe em mim.
Meu deprimir limita meu dia, meu ser e meu fazer.
Minha depressão sou eu.
Meu momento. Meu tormento. Meu recomeço.
Um novo jeito de existir se remodela, se constela.
Estar deprimida, nem sempre,
é estar doente ou deficiente.
É mais um estar onisciente e presente
para o que ainda não está pronto nem posto.
Um tempo de espera para o porvir.
Algo germina. Brota. Cresce. Amadurece.
Tempo de angústia.
O tempo desta nova existência precisa de mais tempo.
Tempo de paciência.
Num belo dia, numa bela manhã ensolarada,
de persianas arriadas, portas e janelas escancaradas,
este porvir virá.
Este meu deprimir, me germinará outra.