Bom estar em casa. Não importa a casa onde a gente está. Porque nesta casa de agora, estão nossos cacarecos, nossas malas e sacolas, uma geladeira com água gelada e iogurte não vencido, uma cama enjambrada, um banheiro só nosso. Nela está nosso eu passeador. Um conhecido – meio que desconhecido – que sabe pelo menos, o quanto é bom chegar e se refestelar, se largar e se inteirar de novo naquele canto tão a cara da gente neste momento. Mas de verdade, de verdade mesmo, bom é chegar na verdadeira casa da gente. Aquela que é mais um museu, um gigante livro de histórias e narrativas, uma alquimia de sons, odores e sabores que nos fizeram ser o que somos. Uma casa cheia de livros esparramados, poeira pra tirar, grama pra cortar, roupas por lavar, passar ou remendar, comida vencida na geladeira e fruta murcha na fruteira, contas a pagar debaixo da porta, janelas implorando pra ver um vidrex, o sol e a lua e as estrelas. Acho que amanhã vai dar. Sei que minha casa está com saudades dos meus passos, choros e resmungos, das risadas, planos e projetos interrompidos ou postergados. Ela é sempre companheira. Mesmo que para um nada retumbante. Preciso me encontrar com ela. Muitas vezes, isso se basta.
Tem ainda aqueles que chamam de casa verdadeira, um monte de outras transcendências místicas e espirituais.
Mas, isto é outro papo e outro momento.
Neste momento, tudo que minha casa de carne e osso quer é voltar praquela casa de tijolos e madeira e se aquietar.