Nossa primeira grande viagem internacional aconteceu há 25 anos atrás. A escolhida – pra inaugurar uma das coisas que mais gostamos de fazer – foi a Europa. Na época optamos – meu marido e eu – pelo leasing de um carro Renault e passeamos pelo continente europeu durante 45 dias, rodando pouco mais de 11.000Km.

Passado todo este tempo, resolvemos refazer – em parte – o antigo traçado com um grupo de amigos.

A ideia era mostrar um pedacinho da Europa. Tipo o interior da Alemanha e circular pelos Alpes (Alemanha, Áustria, Norte da Itália, França e Suíça) além de Viena (Áustria), Mônaco e Veneza (Itália). Foram 4.800Km em 18 dias, 6 casais, 3 carros.


Não é fácil rodar, circular, estacionar e coordenar um grupo tão grande e singular – tem os que atrasam pela manhã, os que se perdem nas lojinhas de quinquilharias, os que não seguem o GPS, os que não querem participar de todos os passeios, os que tem mais e menos pique … enfim.

Apesar dos encontros e desencontros, todos sobrevivemos e cada um viu o que realmente lhe interessava. Alguns mais, outros menos.

Presenciamos belas nevascas, dias de sol e chuva, e principalmente, belíssimas paisagens.


Da neve branca à vegetação em tons de terracota, pudemos presenciar a passagem do verão para o outono nas regiões mais baixas e a chegada do inverno nos picos gelados e afastados.

Nos apaixonamos pelo Riesling alemão (tomado em taças), devoramos “wursts”, “haxels” e “apfelstrudels” na Alemanha (além de deliciosas “kartofensalat”).

Começamos pela encantadora cidade de Rudesheim, a 60 Km de Frankfurt, às margens do Rio Reno.
O jantar no Restaurante Schloss teve comida, música, dança e trajes típicos. Inesquecível e absolutamente recomendado.

Descendente da família Brentano, no sábado pela manhã, visitamos a casa de verão da Família Brentano, em Winkel, a poucos km de Rudesheim. Bom conhecer um pouco da história da família e se reconhecer nela.
A casa – em processo de restauração – guarda um pouco da história da poesia romântica alemã, onde Goethe e Clemens Brentano são os nomes mais conhecidos. A casa está sendo preparada para se tornar museu e um ponto de encontro para escritores e poetas.

Rodamos pela Rota Romântica e dos Vinhos passando pelo Swartzwald, Heidelberg e Konstanz. No Lago Titisee, a primeira grande nevasca. Sensacional.


Bom rever o castelo de Neuschwanstein e Linderhof, passando por Garmisch.

O passeio pelo Lago de Konigsee aconteceu, apesar da chuva.


Infelizmente, não pudemos ir ao Ninho da Águia em Berchtesgaden. O refúgio alpino de Hitler, por causa da nevasca do dia anterior.
Também a subida ao Zugspitze foi prejudicada pelo tempo.
Em Salzburh, para fugir da chuva, o passeio de charrete foi a solução.

Em Viena, além do City Tour nos ônibus amarelos, um recital de música clássica com pitadas de ópera e ballet, ganhou a noite junto com o famoso “Viene Snitzel” (bife à milanesa) e sempre, muita batata.

A visita ao museu e casa onde Freud viveu por 50 anos e criou a Psicanálise, foi um dos pontos altos de Viena. Mesmo sabendo que sobraram poucos móveis daquela época – já que Freud fugiu de Viena e se refugiou em Londres, durante a Segunda Guerra – foi bom sentir a energia e conhecer um pouco da intimidade do Pai da Psicanálise.

E Veneza continua linda. E alagada.

Diferentemente da primeira vez, o dia foi de sol e o passeio de gôndola, finalmente aconteceu.

Assim como o passeio à ilha de Murano (absolutamente desnecessário).
O Pinot Griggio italiano foi quem surpreendeu. Como da primeira vez, a comida italiana não encantou, apenas forrou o estômago e deu um tempo para as extravagâncias gastronômicas.

Uma parada em Maranello, visita ao museu da Ferrari, passeio com o modelo conversível Califórnia da marca e muita emoção no cockpit de um simulador pilotando uma Ferrari no circuito de Monza.

La Spezia foi destino novo e o passeio de trem pelo Golfo dos Poetas (Riomaggiore) era o que tinha para ser visto na cidade portuária. Pra quem quiser conhecer, vá de barco e veja as 5 cidades encrustadas e esparramadas pelas encostas.

Da Itália à Cote d’Azur, seria bom começar a contar desde o início a quantidade de tuneis e viadutos nos quase 300Km percorridos pela auto-estrada. Algo entre 100 e 150.

De St. Tropez à Menton passando por Mônaco pela orla marítima, a quantidade de marinas, iates e lanchas surpreendeu.

Em Mônaco, por 10 euros pudemos entrar no Cassinode Monte Carlo e assistir roletas e jogos de baralho acontecendo.
O jantar fechou a noite e o dia ensolarado com direito a passeio pelo circuito de Fórmula 1 de Mônaco.



Chamonix/Mont Blanc, Zermat e Grindelwalt foram simplesmente espetaculares.
As imensas e nevadas montanhas dos Alpes são impactantes.
Em Grindelwalt não encontramos a famosa gruta de gelo eterno do mais intenso azul. O aquecimento global fez desaparecer o ponto turístico há vários anos.

E Zermat, é inesquecível no alto do inverno (em janeiro) quando a cidade é engolida pela neve e tomada por esquiadores de todas as idades. Pegamos a cidade em fase final de preparativos para a alta temporada, um verdadeiro canteiro de obras. Nela não se pode transitar de carro comum, apenas com carro elétrico.

Mas a vista da famosa montanha Matterhorn – aquela que ilustra as embalagens dos famosos chocolates suíços – compensou, assim como a travessia do carro por trem pelos Alpes e as paisagens do Tirol e Bavária.

Zurique foi apenas passagem e a visita ao Instituto Jung ficou para uma próxima vez. Além de não ter agendado a visita, a certeza de encontrar a casa fechada num sábado pela manhã, me fez desistir da empreitada. Ficou o desejo de voltar.


Passamos nossa última noite de viagem na mesma cidade onde dormimos na primeira noite: Rudesheim. Às margens do Rio Reno. Uma volta completa.

No domingo o almoço de despedida foi no Restaurante Wagner, em Frankfurt, onde encontramos amigos de Jurerê, para um típico almoço alemão, com direito à vinho de maçã, chucrute, batatas e carne de porco. Pra finalizar, aquele apfelstrudel.

E a certeza de que voltaremos à região bem antes de transcorrer outros 25 anos.