Lasquinhas do excelente “ A história Secreta da Criatividade”, de Kevin Ashton. O livro é recomendadíssimo para todos aqueles que criam, inovam, estão começando algo novo, reformulando algo antigo, seguindo em frente. Tentando. Uma injeção de ânimo e teste de realidade para quem pensa que depende só da criatividade para fazer algo novo e absolutamente inédito.
“Vistas em conjunto, essas histórias revelam um padrão de como os seres humanos fazem coisas novas, um padrão que é ao mesmo tempo encorajador e desafiador. A parte encorajadora é que todo mundo pode criar … A parte desafiadora é que não existe momento de criação mágico. Os criadores passam quase todo o tempo perseverando, apesar da dúvida, do fracasso, do ridículo e da rejeição, até conseguirem realizar algo novo e útil. Não existem truques, atalhos ou esquemas para se tornar criativo de uma hora para outra. O processo é comum, ainda que o resultado não seja. Criar não é magia; é trabalho.” (pg. 18)
“O cartunista Hugh MacLeod levanta o mesmo argumento de modo mais pitoresco: “Todo mundo nasce criativo; todo mundo ganha uma caixa de lápis de cera no jardim de infância. Ser subitamente contaminado, anos mais tarde, pelo vírus da criatividade é apenas uma vozinha dizendo: quero meus lápis de cera de volta, por favor.””(pg 34)
“Não existem atalhos para a criação. O caminho é feito de muitos passos – nem retos nem sinuosos, mas como num labirinto … A criação não é um momento de inspiração, e sim uma vida inteira de resistência. As gavetas do mundo estão cheias de coisas começadas. Esboços inacabados, pedaços de invenções, ideias de produtos incompletos, cadernos com hipóteses formuladas pela metade, patentes abandonadas, manuscritos parciais. Criar é mais monotonia do que aventura. É acordar cedo e dormir tarde: longas horas realizando um trabalho que provavelmente irá fracassar – um processo sem progresso que deve ser repetido diariamente durante anos. Começar é difícil, mas continuar é ainda mais. Aqueles que procuram uma vida glamourosa não devem buscar a arte, a ciência, a inovação ou a invenção. A criação é uma longa jornada onde a maioria das curvas é errada e a maioria dos becos, sem saída. O que os criadores fazem de mais importante é trabalhar. O que eles fazem de mais importante. Também, é não desistir. O único modo de ser produtivo é produzir mesmo quando o produto é ruim. Esse é o caminho para fazer direito.” (pg 76)
“A definição da escritora Linda Rubright de “processo repetitivo” é: “Fracasso total. Repita.” Os criadores devem estar dispostos a fracassar e repetir até encontrar o passo que chega ao sucesso. Samuel Beckett disse isso do melhor modo: “Tente de novo. Fracasse de novo. Fracasse melhor.” (pg 80)
“Os grandes criadores sabem que, com frequência, o melhor passo à frente é um passo atrás: examinar, analisar e avaliar, encontrar defeitos e falhas, desafiar e mudar. Não é possível escapar de um labirinto se só andarmos para frente. Às vezes o caminho para frente é para trás.” (pg 90)
A rejeição educa. O fracasso ensina. Os dois doem. Só a distração conforta. E, dos três, só a distração pode levar à destruição. A rejeição e o fracasso podem nos alimentar, mas o tempo desperdiçado é uma pequena morte. O que determina se teremos sucesso como criadores não é quão inteligentes e talentosos somos ou quão arduamente trabalhamos, e sim, como reagimos à adversidade da criação. (pg 99)