
Dias atrás alguém me disse que deveríamos estar com a casa arrumada e preparada o ano todo, não concordando com esta história de arrumar a casa para o Natal. Em parte, até concordo. Casa limpa e organizada faz bem pra saúde, pro olhar, pra vida, pra tudo o ano todo. Mas tem que ter equilíbrio, senão vira mania de limpeza, TOC e outras excentricidades, dignas de constar de algum compêndio de psiquiatria.

Preparar a casa para o Natal é quase como preparar a casa para a chegada de alguém muito querido, como um filho, um neto, amigo, parente, um bichinho de estimação , até mesmo, para a chegada da primavera/verão/outono/inverno. Toda esta expectativa e preparos remetem à reverência e respeito. Alguém que chega e que importa. Que faz a diferença. Que traz alegria e promessa de bons e novos momentos. Sabe como é, visita é bom, mas nada de exageros, senão …

Quando alguém avisa que vem me visitar, procuro adequar, na medida do possível, meu espaço ao espaço do outro. No mínimo, uma gentileza. Quando as estações se revezam, revezo a própria casa. Mesmo preferindo as estações mais amenas ou o frio do inverno, o sufocante verão também recebe as boas vindas, com cangas e conchas esparramadas aqui e acolá por toda a casa. Na primavera a delícia de alguma planta nova, a troca das mantas de lã por cangas de praia ou mantinhas de linha. E o que dizer do milagre que acontece quando trocamos bugigangas e adornos de lugar – ou doamos, ou restauramos e pintamos móveis antigos e judiados. As casas pedem, imploram por mudança de ares, novas perspectivas e algum incremento. Pode até parecer dispendioso, mas nem sempre é.

Particularmente prefiro restaurar o antigo a comprar algo novo. O familiar me conforta e vem embebido de histórias e recordações. Na casa nova, além dos móveis sob medida (basicamente armários e balcões) todo o resto foi repaginado, restaurado ou resignificado. Foram meses de experimentações, até encontrar o canto certo pra cada coisa. Sobre restaurações de móveis, prometo escrever outro post. Óbvio que vem algumas modernidades por aí.

Voltando ao Natal. E preparar a casa para o Natal.

O kit básico que faz toda a diferença quando o assunto é decoração natalina é a cola quente (de boa qualidade) + os arames + (sprays são opcionais) e muita, muita inspiração. Criatividade e tempo também são fundamentais nesta equação. Melhor reservar alguns dias para fazer tudo sem pressa.

Sou uma colecionadora de Natal. Sempre que posso, trago alguma traquitana do lugar por onde andei. Normalmente compro coisas pequenas, de preferência de tecido ou madeira e, leves. Algo típico e diferente.

Pra começar a preparar a casa, trago as trocentas caixas de tudo que tenho guardado há mais de 35 anos. Esparramo tudo pra lembrar de tudo que tenho. Inclusive álbuns de Natais passados.

É difícil dizer por onde começo. Gosto de pensar que começo com quem me chama primeiro. Limpo, separo e começo a colar o que descolou do ano anterior. Quando invento de reformar algum arranjo antigo, opto por destruir tudo e começar tudo praticamente do zero (manter a base pode ser fundamental, mas, nem sempre) e acrescento coisas que sobraram de outras destruições.

Tem também aqueles objetos que estão prontos, eternamente prontos. O máximo do possível é trocá-los de lugar.
