A técnica da análise infantil tem passado por profundas mudanças desde a sua origem, em 1908. Foi com Melanie Klein que a análise infantil conseguiu aplicar o entendimento analítico ao brinquedo da criança. Para ela, o brinquedo seria o correspondente à associação livre do adulto. Assim, desenvolveu uma teoria segundo a qual todas as crianças pequenas poderiam ser avaliadas.
Outro expoente da Psicoterapia Infantil foi Ana Freud. No entanto, ela discordou de Melanie Klein quanto à possibilidade de interpretação do inconsciente das crianças, centrando-se mais na avaliação do ego, do superego e desenvolvimento pulsional. Seu enfoque foi mais pedagógico.
A estrutura da consulta, ou seja, o onde e o como a análise acontece – o setting terapêutico – é fundamental para o desenvolvimento de toda e qualquer psicoterapia. Habitualmente a criança é trazida para a consulta, após observação de algum problema desadaptativo – sintoma – sem melhora com o passar do tempo. Por indicação de alguém – médicos, pais ou escola – a criança é levada para ser tratada.
Na primeira sessão, realizada normalmente com os pais, além da anamnese, são acordadas todas as combinações referentes ao desenrolar da psicoterapia. É o contrato terapêutico. (Sobre a presença da criança ou não neste primeiro encontro, vai depender da abordagem utilizada pelo terapeuta. Caso ele venha a trabalhar nos moldes psicanalíticos, neste primeiro encontro a criança não participa. Caso a abordagem seja sistêmica, a presença da criança é indicada. De qualquer forma, esta combinação deve acontecer entre o terapeuta e os pais).
A interpretação é um dos instrumentos do processo psicanalítico, e mesmo sendo pouco usada no período da avaliação, quando utilizada, pode dar ideia da capacidade de entendimento e percepção possíveis. Durante o processo terapêutico, a interpretação permite à criança acessar o que está inconsciente e entender o que a incomoda.
O jogo (brincadeira, brinquedo, desenhos, histórias) pode ser um meio utilizado pelas crianças para dramatizar, representar, comunicar e descarregar as próprias fantasias inconscientes e também para elaborar e modular a ansiedade e angústias ligadas a estas fantasias. O terapeuta frequentemente se utiliza da interpretação, para clarear ou explicar à criança certos eventos e processos internos e externos. Às vezes é necessário ajudar a criança a distinguir entre a fantasia e a realidade, dando-lhe informações reais ou de reasseguramento, a fim de dissipar suas ansiedades.
Cada terapia é única, independente dos sintomas, do paciente/cliente e do terapeuta. Pacientes e situações despertam no terapeuta, significados diferentes, e portanto, entendimentos e prosseguimentos únicos.
E como bem disse a terapeuta junguiana Marie Luise von Franz “Ser Terapeuta é , antes que profissão , principalmente uma exigência interior, uma paixão pela alma humana, um modo de viver a sua criatividade pois a prática da análise é uma arte, a arte de criar alma…”