Vozes

Meu maior desejo e cobiça, por ora,

é que as vozes que me possuíram e me habitaram, neste último mês,

me abandonem. Por inteiro e por completo.

Que se partam e partam em paz. Deixem-me comigo mesma.

Me preencho das minhas próprias ausências,

em meio à solidão, cercada de silêncio.

Em meio a este desdém, minha voz jaz acabrunhada,

clama pelo brado estrondoso e retumbante.

Asfixiada goela abaixo. Calada. Submissa.

Entorpecida ainda, pressinto-a revivescer.

Às vozes que partiram, obrigada pela presença.

À minha voz, por favor, não demore.

Mexa-se.

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