Enfim, férias.
Quase surtei.
No processo e na viagem.
Mas, cá estou. Sozinha. Em Lajeado. O dia é de café, livros e sonecas.
A música, os sons que me cercam.
Os pedidos, apenas o que o corpo e a alma sussurram.
De pouco em pouco, algumas ideias cochicham:
“Lá fora agora, alguns latidos e pios. Marieta, como sempre, reclamando de alguma coisa. Mal escuto. Parece eco nesta manhã fresquinha de um verão escaldante. Alguns carros rodam lentamente no paralelepípedo molhado. A garoa me transporta para uma manhã de inverno a cinco meses de distância. Um sino bate. Maria Edite recebendo visitas. As vozes alegres – que bom!!! – vem de longe. Longe é com “g” e não com “j” como acabei de escrever. Obrigada corretor de texto. Preciso dormir mais. Fechar portas e janelas e me recolher em mim mesma. Onde já se viu: “lonje”.
“Iniciei 2019 terminando de ler “Minha História” de Michelle Obama – que obviamente não consegui terminar de ler em 2018. Recomendo a leitura. Me identifiquei com várias passagens da vida da ex-primeira dama dos EUA, mas uma frase, da página 202, faço questão de assinalar: “Os legisladores me pareciam, em geral, praticamente tartarugas de casco duro, lentas e cheias de interesses próprios.” Penso exatamente o mesmo sobre a maioria dos políticos brasileiros.”
As obras completas de Freud sorriem.
Trouxe o primeiro volume.
Por enquanto, apenas dormimos juntos.
O namoro pode ser sério: 24 volumes e uma antiga e eterna vontade de criar um grupo de estudos pode me direcionar por um caminho longo, muuuuito longo.
Tenho mais dois dias sem nada pra fazer.
Da cama, olho a tela na parede.
Estou como ela. Com um buraco no centro.
Adoro esta tela.
Do buraco saem raios amarelos e dourados.
Renascimento puro.