Em mim e minh’alma
preparei tantos refúgios e esconderijos.
Tantas folhas coladas. Tampas e lacres.
Criei gavetas no pensamento e arquivos secretos no coração.
Senhas e segredos tão pessoais.
Tão intransferíveis.
A podridão e aversão alheias. Indigestas.
Fiz caber em mim o que a mim não pertence
– nem caberia –
pra me impregnar e me pregar na realidade de escolhas não minhas.
Frutos, não meus.
Porque? Me pergunto.
Por que talvez tudo não se resuma ao que é seu ou meu.
Talvez tudo se resuma ao que é nosso.