Manhã da cor do chumbo.
Quero-queros também. Eles caminham junto.
As corujas só observam. Giram-se atentas nesta manhã acabrunhada.
O céu floreado de cinza e branco. Bordado em azul.
O mar como espelho. Sujo, cinza, contido. Sentido.
Alguns banhistas chegam junto. Chego também.
Muitos não veem, não escutam, não falam.
São zumbis contemporâneos de celular na mão.
Cinzentos. Contidos. O mar à frente não encanta.
Está indeciso. Estamos todos nós.
Não sabe o mar, se jorra em ondas ou se contenta com a serenidade de lago.
Também não sabemos.
Foi trator e carregou a praia. Inclinado e desajustado ficou o caminho.
A corrente marinha leva e trás. Pra frente e pra trás.
Não sei o que é. Mas algo se passa nas profundezas do mar.
Também ele, hoje amanheceu errado.
Um espelho o mar de Jurerê.