Diálogos do Inconsciente – como tudo começou

Difícil acreditar que não houve programação nem para a pintura das telas, nem para a exposição Diálogos do Inconsciente. Aquele tipo de coisa que simplesmente acontece porque tem de acontecer.

Havia feito releituras de pintores famosos de 1996 à 2000 com professores, pinceis, técnicas e escolas. Abandonei os cursos porque não conseguia dar aquelas pinceladas marcantes e fenomenais. Era boa nos fundos, nos preenchimentos, uma ou outra sombra, algum reflexo. Meu tempo era escasso. A dedicação também. Fechei a maleta de tintas, limpei os pinceis, emoldurei as últimas telas. Me recolhi. Não queria mais aquela obrigação de mostrar um trabalho que não me satisfazia. Voltei aos crochês e ao bordado arraiolo. Me dediquei à família e à carreira. Brinquei com paisagismo e jardinagem. Fui ler e escrever. Viajei.

E um dia, passados 15 anos, renascia o desejo de trabalhar com as tintas. Encomendei uma tela. Grande até para meus padrões anteriores. Como dizia minha professora Anelise Dessoy, uma telinha era como um cocô de mosca na parede. Uma tela de 1,00 X 1,50 era outra coisa. Um espaço todinho meu. Pintei, lambuzei, repintei, colei, raspei, pintei de novo e de novo. Um trabalho de persistência e experimentação. O resultado agradou. “Mudança”, a tela da adega, reflete exatamente meu momento de vida.

Depois dela, vieram outras.

Durante quatro anos, uma ou duas vezes por ano, quando sentia aquela necessidade de pintar, encomendava telas, providenciava tintas, e, chegada a hora, forrava a garagem com lona plástica preta e organizava todo material. Abria uma garrafa de vinho e convidava Beethoven, Mozart, Schubert, Brahms e Strauss a dar ritmo e movimento. O incenso aceso me conduzia a um estado onírico de entrega total. As telas iam ficando prontas e eu as colocando nas paredes. Elas conversavam comigo e eu com elas.

Chegou o momento de apresentar o artigo científico para a conclusão da minha formação em Arteterapia. Depois de aventar sobre diversos temas, escrever sobre meu processo arteterapêutico, me pareceu o único tema possível. Nascia assim os Diálogos do Inconsciente. Meu artigo arte-científico ganhava contorno e forma com teoria, técnica e vivência pessoal. Nesse meio tempo, um amigo entendido em arte e nos trâmites para expor, descobriu minhas telas e agendou minha primeira exposição no Espaço Cultural BRDE, em Florianópolis, em 2018.

A partir daí a coisa ficou realmente séria. Expor minhas telas era me expor. Era expor meu inconsciente e meu processo terapêutico. Era arte. Era terapia também. Era Arteterapia pura.

Passado o susto, foquei na exposição: a finalização e acabamento das obras; a burocracia do espaço cultural; a contratação do coquetel e garçom; a curadoria e o projeto da exposição; o transporte e a montagem e o mais difícil de tudo: colocar preço nas obras. A terapia virou negócio.

Depois da primeira mostra, uma certeza: o inconsciente coletivo é bárbaro.

O meu, o teu e o nosso inconsciente se revelam entre cores e formas.

Os Diálogos do Inconsciente prometem uma conversa interessante.

Venha também.

Eu e Sinapses

Eu e a tela Sinapses (vendida em Florianópolis)

 

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