Decidi dar um tempo na cerâmica. Não pela cerâmica em si. Que aprendi a amar, fazer e vou continuar fazendo. Num outro momento.
Decidi dar um tempo, porque tem hora que a gente precisa entender e aceitar o que está escrito entre linhas, ou como pude perceber, entre as trintas peças cerâmicas produzidas e não finalizadas. O que elas estão me dizendo? Porque, quase que apenas elas, entre tantas peças de tantas colegas, ficaram pra trás e não foram queimadas? Algumas sequer biscoitadas? Uma enorme tristeza me assaltou quando percebi que meu fazer incomodava quem deveria me incentivar e motivar.
Decidi não sofrer mais com o descaso e o desleixo alheios, os eternos ranços e desculpas.
Decidi trazer minhas peças cerâmicas inacabadas para casa e curti-las como estão. Frágeis e inacabadas. Estou como elas. Simples argila modelada e seca. Falta a energia, o calor e a força do fogo que virá no devido tempo. Outras artes me preencherão. Vê-las abandonadas nas prateleiras era ver-me igualmente abandonada.Juntas nos fortaleceremos. Pressinto e sinto isso.
Decidi esperar a tristeza e a decepção abrandarem. Depois vou em busca de um novo espaço de arte cerâmica, de novas energias e conhecimentos. De um novo professor.
É do que eu e minhas cerâmicas inacabadas precisamos.
Pela beleza das peças se entende o motivo do descaso em queimá-las…o mais triste dos pecados, o da inveja! Não desista nunca do teu dom, o talento é para poucos e foste abundantemente agraciada com ele!😘😘😘