A arte de Anelise Bredow e os cactos

Vem de longa data minha paixão pelos cactos. Talvez o que mais me encante neles é sua resiliência: são resistentes e extremamente independentes. Faça chuva ou faça sol, com adubo ou sem adubo, eles seguem em frente. Melhores ou piores, eles apenas seguem. Do jeito que for ou puder ser. Já a paixão pela cerâmica é mais recente. Do tempo das oficinas do estágio de Arteterapia no Posto de Saúde do Itacorubi, em Florianópolis, SC,  onde as dinâmicas mal sucedidas e fracassadas com argila me levaram às aulas de cerâmica em ateliês profissionais. Tenho de reconhecer que esta paixão oscila esquizofrenicamente. Tem hora que amo. Tem hora que odeio. Não lembro como conheci o trabalho da ceramista Anelise Bredow – via Facebook? Email? Whatsaap? Youtube? Tudo junto e misturado? – mas lembro da certeza de que conheceria o trabalho dela pessoalmente. E assim aconteceu.

Inclui uma visita ao ateliê da artista, na cidade de Morro Reuter, no km 217 da BR 116, numa viagem entre amigos, pela serra gaúcha. De Nova Petrópolis até a casa antiga e pink onde Anelise mora e trabalha, são 33 km de curvas e plátanos. Sugiro agendar a visita para não ficar se remoendo inteira com a possibilidade de dar com a cara na porta fechada, já que o sinal de internet ou telefone, neste trajeto, não tem nenhuma garantia. Não aconteceu comigo, mas bem poderia ter acontecido. Por pura sorte encontrei Anelise retornando do mercadinho após me deparar com um bilhete na porta do ateliê, tipo saí – volto logo. Felizmente ela estava voltando.

O que dizer da arte e da artista? Me apaixonei. Anelise é uma pessoa querida, simples e muito simpática: mostrou os fornos, o ateliê de trabalho, a casa, a loja. Ela se mostrou inteira. E eu me encantei com a certeza dela de viver da cerâmica enquanto fosse possível. A casa onde ela mora reflete exatamente este pacto. Esta decisão. Saí de lá com sete trabalhos artísticos (levaria mais, se não fosse o olhar de censura e espanto do meu marido). Anelise me presenteou com um quadrinho de 10cm X 10cm. Me disse que este mimo poderia me guiar no meu caminho pela arte.

AB30

Retornando à Floripa, depois de um devido descanso, me pus a plantar os cactos – comprados no Cactário Horst, em Imigrante /RS – e os distribuí pela casa.

Óbvio que faltaram peças.

Óbvio que coloquei tudo em lugares diferentes do que havia programado.

Mas o que realmente importa é que adorei o resultado final.

Sobre o quadrinho na parede? Tenho olhado para ele. E ele para mim.

Por enquanto é isso. E a certeza de que, “cerâmica é a arte de transformar terra em poesia”.

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