Se alguém me contasse eu não acreditaria.
Verdade é, que minha professora de cerâmica Carmem Melo comentou desse encontro e foi ela quem mandou o convite via Whatsaap. Me inscrevi e fui. Na maior curiosidade. O que vi e vivi durante as oito horas em que acompanhei a montagem dos fornos foi surreal. Uma trabalheira do cão e, pelo que vi no dia seguinte, uma grande decepção. Muitas peças quebradas, rachadas e deformadas. Algumas poucas, bonitas. O velho e bom forno elétrico ou à gás, apesar de infinitamente mais caros, garantem melhor resultado, tanto em qualidade das queimas como em termos de aproveitamento das peças. A ideia do festival é experimental para mostrar que qualquer um pode queimar sua própria produção – em casa – bastando para isso, boa vontade, disposição e enorme desapego.
E foi com este intuito que fui. Ao chegar me apaixonei pelo mural de placas cerâmicas que vem sendo montado ao longo dos diversos anos do festival. O mural é alimentado por artistas e interessados que se inscrevem, mediante especificações da professora Rosana Bortolin (UDESC).
Queima cerâmica é coisa de índio, bem frisou a professora Viviane Diehl, do Instituto Federal do RS – Campus Feliz, que trouxe o projeto “Ceramicando” e o processo de queima com Sulfato de Cobre e Cloreto Férrico (diluídos em água para vaporizar), sal grosso, fio de cobre e pó de cobre. A oficina foi bem concorrida. A finalização pede que se embrulhe a peça em papel alumínio amassado (as bolhas de ar criam efeito na queima). Foram montados os fornos de maravalha (serragem grossa) e carvão, que chega à 900ºC, o forno exclusivo de carvão, que chega à 1000ºC., o forno para queima com jornal e barbutina (argila líquida) que chega a 400ºC (adequado para biscoito) que se consome totalmente. E dois fornos para raku. Infelizmente, não consegui acompanhar a queima dos três últimos fornos.
Das três peças que levei, apenas o prato preto foi ao forno 100% carvão. Saiu esturricado, deformado e rachado. Apesar do resultado, valeu a experiência.