Venta lá fora
As portas tremem, balançam as palmeiras.
O uivo lareira abaixo é fantasmagórico.
Vento odioso e tenebroso, estremeço.
O corpo se contrai, pressente o perigo.
Imprevisível e rabugento, ele arrasta tudo,
sem dó nem piedade. Me afundo na cama.
O frio vem misturado nele. A noite gela.
Antes dele, dormi com a noite de trovoadas e raios.
Amo os dois:
O ronronar das nuvens que se chocam,
a claridade que explode.
A infância me inunda misturada de chuva.
Um misto de fascínio e exultação é o que sinto.
Uma força maior rege a todos:
O vento, raios e trovões, a chuva e, eu.
Será que São Pedro está fazendo faxina lá no Céu?