Jardinando 1

A fase é de desbravamento. Ou, de reconhecimento.

Jardinagem, ou paisagismo, como preferir, é assunto antigo entre os temas de interesse. Lembro do meu gorjeio de menina moça, junto ao meu primeiro namorado (e ainda marido, 42 anos depois) do quanto gostava de plantas e jardins. Gostava sim. Não era mentira pra encantar nem fisgar alguém. Os anos passaram e com eles vieram outras  fases e interesses: os filhos pequenos, a faculdade, a carreira de psicóloga, o casamento, as viagens, a arte, o artesanato, a literatura, as crises, os conflitos, o dia a dia cheio de mistérios, metas, sonhos e realizações.

As constantes mudanças/transferências profissionais e a vida em apartamentos ou casas alugadas não me envolveram com a questão da porta para fora de onde eu e minha família vivíamos. Mantinha o que me era ofertado/alugado. Até nos mudarmos para nossa casa no interior do RS.

Nossa primeira casa, nosso primeiro jardim.

Quem inicialmente se envolveu com o jardim foi meu marido, para quem, jardinagem era sinônimo de força. Força para carregar pedras e terra e plantar o gramado e todo tipo de plantas. Deste primeiro jardim, lembro-me dos crisântemos roxos, do Buganvile cor de rosa, das Unhas de Gato, das árvores frutíferas (bergamoteira, jabuticabeira e bananeiras) e da cerca viva de cipreste. Felizmente a carreira de engenheiro e de jardinista/jardineiro/paisagista não se conciliaram. Fui autorizada a assumir o jardim. Tão logo foi possível, contratei uma renomada paisagista (mas nem tanto, já que esqueci o nome da dita cuja). Com ela veio a equipe de jardineiros, dois caminhões de plantas, terra, pedras e seixos rolados e cinco dias de muito esforço. Para eles. Coube a mim a agradável tarefa de acompanhar o andamento dos trabalhos. Desta época sobraram as pedras, as Dracenas, o Croton vermelho e as Strelitzas. Os Bambus Mossôs, as Moreias, os Rabos de Gato e as Bromélias Imperiais sucumbiram ao clima, à cachorra Aisha e ao passar do tempo.  Com a reforma dos pisos e a troca da pedra São Tomé, na beira da piscina, veio a terceira versão paisagística, sob a tutela da amiga Marlise, proprietária de um dos maiores e mais belos viveiros de plantas do RS: a Floricultura Toque Especial.  Foi ela quem trouxe as Fênix e as Cicas. Os Aspargos, as Dracenas Verdes e as Gramas Pretas. Mais pedras e o remanejamento das Dracenas Rosas. E os maravilhosos Kaizucas. Surgia então a ideia de um jardim perene, de pouca manutenção e alta resistência. Com o passar do tempo veio a última versão do jardim, com o acréscimo dos Cactos, das Orquídeas em alguns recantos e as Algarves na sacada dos fundos de casa. E este jardim tem se mantido bem nos últimos 12 anos, que, além das podas frequentes e do corte da grama Esmeralda, requer agora uma pequena repaginação. Com a adubação anual (realizada entre maio e junho) as plantas agigantaram, os cactos tomaram conta dos seus  e de outros espaços e as orquídeas tombaram junto com os xaxins que as acomodavam.

Pensei em adequar o jardim. O primeiro passo seria contratar um jardineiro 4 horas por semana para dar novos contornos aos quatro cantos do jardim. Ele veio apenas uma vez. Choveu, choveu, surgiram outros compromissos, desisti. Do pouco que fizemos foram retirados os excessos de cactos e a arrumação do antigo canil/hospital das plantas. A poda e adubação da bergamoteira e da jabuticabeira. E a redução substancial do bananal. Foi o que deu para fazer neste momento.

Hoje preparo um outro jardim, num outro lugar, para outra vida.

Porque assim é a vida. Um eterno e constante vir a ser.

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