Sala de jantar – um espaço cheio de história

Tudo começou com a mesa – presente de minha mãe. 

A mesa era da minha avó, mãe da minha mãe. O primeiro passo foi retirar a camada de tinta à óleo cor de laranja. Anderson foi quem fez (conheço o processo trabalhoso e extremamente tóxico de retirada da tinta). Com a peça livre de tintura, usei Osmocolor Natural para a base da mesa e tinta preta fosca para o tampo, judiado por cupins e lascas soltas de madeira. Após tratar e preencher os buracos e vãos com massa de preenchimento de madeira, o tampo foi lixado. Originalmente pensei deixá-lo ao natural como a base. Mas os remendos eram muitos. Algumas demãos de tinta garantiriam um acabamento melhor. A cor preta foi inevitável. Outros móveis e telas representam meu período sombrio e o preto reina absoluto na área social da casa. Preto, a cor da morte e do renascimento.

Originalmente, as cadeiras foram compradas para a copa da casa de Lajeado. Em Floripa, o cromado começou a ser atacado pela maresia, e ficava dia a dia mais enferrujado. Trazer as cadeiras de volta pra casa foi a melhor solução. O problema foi que as cadeiras ficaram baixas para a mesa antiga de minha avó. Antes de radicalizar e cortar alguns centímetros dos pés da mesa, preparei as almofadas com o tecido antigo da venda dos meus avós. A flanela quadriculada foi escolhida pela explosão de cores, que dariam vida ao ambiente sombrio da sala de estar. (E pensar que guardo até hoje uma calça feita com este tecido pela costureira Selma, de quando eu era adolescente.) O pingente na cor uva, feito em casa,  além de segurar a almofada à cadeira, deu um charme único a todo o conjunto.

As telas da exposição Diálogos do Inconsciente contemporizam com o acabamento do armário da tia avó Maria. A placa de madeira entalhada foi encontrada no velho porão, misturado com as lenhas destinadas a queimar no fogão à lenha ou lareira. Salva da fogueira, a placa foi lavada, secada ao sol, e depois, lixada ao estilo provençal. Optei por manter a cor envelhecida da placa, nada de aplicar camadas novas de tinta. O efeito ficou perfeito: do tempo da vovó.

O lustre preto foi a única peça comprada para este ambiente.

Visualizo ainda um velho armário para colocar cristais e louças antigas. O mimo está num galpão, e por enquanto, acomoda sementes, adubo e medicação veterinária. Este móvel era da minha avó paterna Liloca. Quem sabe, num futuro breve, ele venha compor com este ambiente. Depende da boa vontade do meu tio e dos meus primos. Outra possibilidade é trazer uma prateleira cromada, comprada na Tok Stok, cada dia mais enferrujada, sofrendo com a maresia de Floripa. O tempo dirá qual das duas possibilidades acomodará a louça antiga que servirá a mesa de jantar.

Por enquanto, estou feliz pelo espaço criado. Anseio pelos almoços e jantares e noites de carteado, com o retorno dos amigos.

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