Maltratadas, maltrapilhas, usadas, sujas,
amareladas com sardas cor de laranja,
pretas de pele acinzentada, esbranquiçadas.
Camisetas, jeans, bermudas, pijamas e jaquetas, sapatos e bolsas de couro, carteiras, toalhas e fronhas, lençóis, acolchoados, paredes, prateleiras, armários …
O olhar acerta o alvo. Expiro. Os olhos coçam. Arrasto tudo ao sol.
Me vou junto e me espreguiço por entre as cadeiras
que acomodam de tudo um pouco.
Quem vê de fora e de longe
vê um circo em dia de desmonte, casa alagada em dia de enchente.
Vejo fungos mascarados por toda parte,
resistentes e resilientes, vem e vão, ano após ano,
faxina após faxina.
O tempo passou, ninguém reparou
- ou cansou de reparar –
À beira mar, a maresia e a brisa que vem do mar, ali, pertinho do olhar,
andam futricando com o bolor e o mofo.
Esta intimidade e fecundação e procriação
me exasperam.
Se ajudasse, mergulhava a casa inteira no mar.
Não dá. Nem posso.
Resigno-me a expulsar este ilustre intrometido.
Ele volta. Sempre volta.
Maldito mofo.