É manhã de sábado.
Deitada estou,
enrodilhada entre lençóis e sobre-lençóis, palavras e ideias.
Chove lá fora. Descanso minh’alma,
sobre montanhas de almofadas e vontades.
Tento escrever.
As palavras fogem. Estão cansadas. Escondidas.
O corpo dói.
O sangue que circula dolorido de ponta à ponta, de alto à baixo,
carrega o peso dos últimos dias, semanas, meses. Anos talvez.
Não quero ser dramática. É dor demais.
É a dor que nos torna dramáticos.
Temperamentais. Sentimentais.
Porque irracionais estamos todos. Sinto isso.
Assaltada sou, em meu silêncio, todos os dias.
São ruídos impacientes e emoções latejantes.
Irritada pelos excessos e pelas calmarias, ando eu.
Pelas urgências e desistências, pelo muito e pelo pouco.
Estranho este mundo estranho que vivemos.
Estranho porque quase posso ser quem sou.
Como sempre fui.
Estranho está este mundo estranho que estranha
as diferenças.
E isso dói.