Manhã de sábado.
Acordo moída, doída. Dolorida.
A pernas mal suportam meu peso,
meus sonhos, projetos e devaneios, desejos e ensejos. Tanto ainda a fazer …
Vago sozinha pela casa.
Todos se foram. Vão voltar, sei disso. Hoje, amanhã.
Mais tardar na segunda-feira.
Volto pra cama.
São 10 horas de uma manhã ensolarada.
Ouço o barulho do mar e
os latidos estridentes dos quatro cachorros do novo vizinho. Coisa bem chata.
Nada que me atraia.
Nem mesmo o jardim recém repaginado nos fundos da casa,
as patas de elefantes e as fênix podadas; as espadas de São Jorge
eretas em vários tons de verde; nem as bromélias coloridas.
Nem mesmo os lírios da paz que se exibem na floreira da cozinha …
Nada, absolutamente nada, me convida a curtir o sol e o dia.
O quarto ainda está no escuro. Tá bom assim.
Tomo fluoxetina com leite quente e biscoito de maizena.
Abro as persianas.
A claridade do mês de maio, em pleno outono,
é barrada pela cortina cinza de linho sintético.
Me embrulho no edredon, onde descubro o livro lido na madrugada
“O sol da meia-noite” de Stephanie Meyer.
A história de Edward e Bella deve me confortar.
A perspectiva é dele, Edward.
Saber como homens pensam, me instiga.
Na cama e na penumbra lembro de coisas a fazer.
Vou ler. Dormir. Sonhar.
Lá fora o mundo que dê suas voltas.
Quando der, ele que pare.
Quando estiver pronta
Descerei.