Mais uma vez mudei o armário antigo da vó Angelina. Depois de resgatado de um galinheiro, gastei uma pequena fortuna para restaurá-lo. O restaurador garantiu que valeria a pena. Não valeu. Mal acomodei o móvel, o cheiro de rato e os farelos de cupim impregnaram o ambiente, e me obriguei a ser radical. Muita tinta foi usada e desperdiçada para amenizar o odor. Gimo cupim também. Ficou um horror.
Deixei o tempo passar e levei o horror para a garagem de casa. Usei produto extraforte, um removedor de tinta esmalte, e deixei a peça livre para qualquer ideia/inspiração que surgisse. Fui de provençal. Arranquei e joguei as portas tomadas pelos cupins no lixo, mandei fazer prateleiras de fórmica e adaptei o armário para o ateliê. Ele seria o depósito de materiais de arte. Num primeiro momento agradou. Mas, com o passar do tempo, o branco provençal começou a manchar e escurecer.
Quando reformei meu ateliê, voltei a trabalhar no dito cujo armário da Vó Angelina. A ideia era ousar nas cores e usá-lo para acomodar o material de Scrapbooking.
O restante dos materiais seria armazenado nas prateleiras recém compradas na Leroy Merlin.
Por ora, a quarta mexida no armário foi a que mais me agradou.
Vida longa ao velho armário da vó Angelina.







