De repente, todas as minhas vontades, desejos e projetos evaporaram, sumiram, escafederam-se.
A vontade é de dormir, ler, caminhar na beira da praia, coletar conchas, conversar, comer pouco, deitar, dormir, acordar, olhar o relógio, que horas são, o que vou fazer? Vontade nenhuma de nada.
Desisti de fazer o pijama do flombayant aqui de casa. Trabalhoso demais. Enrolado demais. Demais demais e tudo o que quero é de menos.
Comecei um crochezinho básico para fazer uma capa para uma antiga cadeira de jardim que encontrei na casa de Lajeado. Ela é confortável e o trabalho só vale por causa disso. Mal iniciei e já estou medindo os 5 centímetros trabalhados como se já estivesse nas carreiras finais.
Andava tão bem, tão animada, tão cheia de ideias … peguei uma dengue que me virou do avesso e descobri uma senhora preguiça incorporada em cada pedacinho do meu ser.
Abandonei, temporariamente, meu curso de cerâmica. O torno elétrico que fique onde está. Estou de má vontade com ele. Quando ficar de bem, remarco minhas aulas.
Talvez devesse sair mais de casa, conversar com pessoas diferentes, ver coisas diferentes, comprar novos livros, ir ao cinema, passar a tarde no shopping – sem vontade – tenho me contentado com as caminhadas a beira mar … pelo menos, descobri meia cartela de fluoxetina, ainda no prazo de validade, de uma fase baixo astral de um ano atrás. A sensação de rastejar me deprime. Devo melhorar. Ando lendo com certa regularidade. De tudo um pouco.
A dengue, caros senhores, é uma destruidora de projetos e sonhos. Tudo engavetado.
Escrevo pouco, quase nada. Nas minhas caminhadas surgem várias, muitas ideias. Elas fogem assim que entro em casa.Trocamos de empregada de novo. Ando cansada desse troca-troca e da casa enorme onde moro.
Saudades do jardim da casa da minha mãe. Saudades da minha mãe. De colo de mãe. Saudades do sul.
Exausta do barulho de obra que me ronda. Esgotada com martelos, serras, gente, agito, caminhões.
Acho que é a dengue. Vão fechar 3 semanas que o mosquitinho me picou daqui a 2 dias. Eita bixinho poderoso esse mosquito. Convivo com este eu desmotivado há quase um mês. Não me gosto assim.
Tenho de expulsá-lo das minhas entranhas.
Doença me intimida e suga minhas energias. Até clinicar tem sido exaustivo.
Vou melhorar.
Vou.
Vou melhorar.