Aquele armário antigo …

… passou por mais um processo de restauração caseira. Tô ficando boa nisso … Após remover toda a tinta esmalte e acrílica com produto específico + espátula, descartei as portas (carcomidas e infestadas de cupim) e transformei o armário numa grande prateleira para acomodar a maioria dos meus materiais artísticos e artesanais. Pintei com tinta acetinada branca e dei acabamento provençal, com quinas e vincos lixados com lixa grossa, coloquei prateleiras em fórmica branca (de fácil manutenção) e alguns aramados. Ficou prático e espaçoso.

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Nele acomodo todo material para fazer velas, cerâmicas, aromatizadores, pintura, roupas e acessórios para o fazer artístico.  Às vezes, uma mudança radical pode dar certo. Tirei o armário do quarto e o levei ao depósito. Trocando de lugar e de função, pude aproveitar o armário da vó Angelina da melhor forma. Caso contrário, ele acabaria sim, na fogueira.

 

Enfim, um ateliê pra chamar de meu

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Depois de anos improvisando, dividindo e compartilhando, enfim, posso dizer que tenho, um ateliê pra chamar de meu. Ainda tem material fora de ordem, perdidos, misturados, esquecidos, empoeirados. Ou seja, apenas um ateliê, com jeito de ateliê. Exceto pelo “puff” azul marinho – comprado recentemente, e destinado a outro lugar – , todos os moveis e apetrechos foram restaurados e adaptados. Pintados, lixados, remanejados. Tem lustre que era da copa, bancada e prateleira de quarto, mesa de carnear gado, acessorios de consultorio, canecas e souvenirs de viagem. Aproveitei praticamente tudo que tinha sobrando em casa e apliquei algum tipo de acabamento artesanal pra tornar especial e singular, o que estava obsoleto, antigo e ultrapassado. Abusei das cores, do excesso, do apego a presentes de amigos e antiguidades dos meus antepassados. Tudo encontrou seu lugar.

bandeja atelie mesa atelie movel branco atelie

Como faço de tudo um pouco, a quantidade de materiais que guardo e garimpo, me transformam de vez, na legitima Rainha da Sucata.

Atelie

Tenho material de:

  • Pintura (acrílica, óleo e esmalte);
  • Scrapbooking;
  • Mosaico;
  • Tapeçaria e bordado;
  • Crochê, tricô:
  • Velas;
  • Arteterapia;
  • Literatura.

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Do que eu gosto mais?

Difícil dizer.

Depende da época.

Do tempo.

Da disposição.

Gosto de tudo que faço.

Por isso, by by tear e macramê.

Vivo um caso platônico com a argila e cerâmica. A hora de enlamear corpo e alma, está chegando.

Por enquanto, a ideia é terminar todos os trabalhos começados. Todos.

Com este ateliê, 2016 ainda não traçou nem metas, nem desafios.

Sequer encontrou parâmetros.

bancada

Scrap e atelier

Perdi a conta de quanto tempo não fazia mais scrap.

mandala de fotos

Uma premissa básica pra engatar qualquer ideia de desenferrujar tesouras e estiletes, é que haja, no mínimo, tempo e espaço.

aula de scrap

Até andei ensaiando: um caderno de receitas (inacabado) e um mini sobre pets (sem muito sucesso).

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Me envolvi com tanta outra coisa, que o scrap não coube, nem no meu tempo, nem no meu espaço. Empacotei tudo, guardei e esperei. Sabia que chegaria a hora de retomar um dos meus hobbies favoritos.

Tudo passa. Tudo tem o seu tempo. Só precisa ter a sabedoria de saber esperar.

Quando a gente atropela desejos e necessidades, sai arroz com cara de sopa.

Enquanto estive transitando entre São Paulo e Lajeado, meu atelier ficou dividido e repartido.

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Até comprei itens duplicados, mas é sempre a mesma coisa: o que a gente quer está longe de onde a gente está.

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Assim, quando mudei pra Jurere, decidida a juntar trecos e cacarecos, sabia que teria uma senhora trabalheira. Das duas casas e duas vidas, teria de construir uma só. Teria de me inteirar com meus livros, tapetes e sofás. Tesouras, papeis, lãs e fricotes. Teria de me remontar com tudo o que tinha e que estava dividido e repartido.

atelier novo

Entre a casa inacabada e a mudança de duas casas encaixotadas, um misto de pânico e felicidade. E lá se vão 10 meses, em que a minha odisseia domestica teve inicio. Pra resumir este período, minha lombar é a delatora principal deste longo processo cheio de bagunça, tinta, sujeira e ideias. Mas, tirando os quilos extras, as unhas lascadas, os hematomas e as dores generalizadas, parece que tudo está indo bem. Já vejo flores nos meus botões. Aprendi, e ainda resvalo de vez em quando, a respeitar meu ritmo e minhas vontades.

Meus lemas tem sido “nada vai fugir” e “amanha é um novo dia”.

E, em meio a tantas demandas, vou fazendo o que posso. Mas, tenho de reconhecer: estou exausta, exaurida, acabada: uma semana perdida por Galápagos, tem sido meu sonho de consumo. Enquanto este sonho não acontece, começo uma nova frente de serviço: meu tão sonhado e turbinado atelier. Tudo junto, organizado e com cara de artista. Por enquanto, uma zoeira generalizada. Como é que a gente é capaz de juntar tanta tranqueira?

agenda scrap

Pra me consolar, sei que nada vai fugir e que existem muitos amanhãs pela frente.

Meu estilo “scraper”

Faço scrap desde 2007. São quase quatro anos de experimentações, pesquisas, aprendizados e cursos. Aprendi várias técnicas, conheci muitas scrapers aprendizes como eu e muitas professoras criativas e entendidas. Minha paixão pelo scrap foi imediata e intensa. Assim como as paixões devem ser. Continuo apaixonada, mas tenho minhas fases ativas, reflexivas, inativas, embora esteja sempre antenada. Vários estímulos acionam meu lado scraper, e assim, vou recolhendo e guardando fitas, fios, etiquetas, botões, folders, ingressos, retalhos de papel e tecido, crachás e tudo que se pode imaginar que uma sucateira possa reutilizar. Às vezes me sinto a verdadeira Rainha da Sucata (e olha que já critiquei minha mãe por isso, e agora, estou infinitamente pior que ela.) Descobri que tudo pode ficar perfeito se usado corretamente. A coisa certa, no lugar certo. Por isso, descarto pouca coisa. Mas tudo isso ocupa espaço e se perde se não for bem organizado. Tanto em Lajeado como em SP criei um atelier. Em SP mantenho todo meu material de scrap, organizado no armário do quarto de visitas. Tudo está separado em caixas, pastas, potes e gavetas. Esta obsessão pela ordem facilita na hora de criar e encontrar materiais a serem utilizados. Muitas vezes lembramos que temos determinado apetrecho, detalhe, papel e, por não encontrá-lo, perdemos um tempo precioso procurando-o.

Sempre que inicio um novo projeto, o primeiro passo é selecionar todas as fotos que serão impressas e defino tamanhos de impressão. Vou desde o 6×8, 10×15, 13x18m, 15×30. Vários outros tamanhos são selecionados, sem contar as fotos que recorto ou lixo. Sempre uso fotos opacas e sem bordas. Depois de prontas, verifico papeis e acessórios (adesivos, fitas, ilhoses). Prefiro os materiais de viagem, inclusive folhas e flores secas (hábito infantil de secá-las dentro de um livro), guardanapos de hotéis e restaurantes, porta copos, jornais, folders, ingressos e mapas. Lembranças, convites, cartões, cartas. Separo tudo e coloco em pasta ou plástico. Depois vejo que equipamentos vou utilizar. Minha máquina de costura Singer, minha Cricut Expression e minhas tesouras são fundamentais.

Diferentemente de muitas scrapers uso muitas fotos. Gosto dos designs limpos e  contextualizados (daí a importância dos mapas, ingressos, passagens e roteiros). Aderi à agenda ou roteiro diário de viagem, ou ao “jornaling” que explica a página trabalhada. Gosto de pensar que se um dia ficar esclerosada ou, simplesmente esquecida, minha história de vida estará devidamente registrada nos álbuns de scrap, onde fotos, viagens e momentos marcantes estarão imortalizados.

Depois de tudo organizado, pensado e planejado é só dar asas à imaginação. Gosto de começar a trabalhar e só recolher todo material quando o trabalho está concluído. Como são muitos detalhes é fácil perdê-los durante a arrumação. Por isso, só começo a fazer scrap quando estou muito animada e com uma semana folgada para me dedicar por horas a fio. A arte de recorte e colagem pode ser mais demorada do que imaginamos. Uma vez demorei seis horas numa página. A culpa foi do bordado a mão.

O resultado é sempre único. Sempre melhor, e cada vez mais, abrindo espaço para novos projetos.