Pragas domésticas

Quem vive em casa, em bairros residenciais com terrenos baldios e abandonados, sabe do incômodo que é encontrar barata, rato, sapo, morcego, mosquitos, moscas, cobra, aranha, formiga, etcetcetcetc, vagando livremente – e muitas vezes, perigosamente – pelo jardim. Já tive invasões de ratos, sapos, morcegos e baratas. Formigas são uma constante para quem tem gramado circundando a casa. Lagartos são presença vistosa – e de certa forma, bem vindos por espantarem as cobras. Olho-os de longe. Cada ano – ou no máximo de 2 em 2 anos – conforme a infestação, desinsetizo casa e jardim. Esta providência elimina a maioria das presenças citadas acima. Mesmo assim, já fui surpreendida por uma invasão de sapos, ratos e morcegos. Infelizmente – para os sapos – foram todos exterminados, já que só varrê-los pro outro lado da rua, com toda a repugnância do mundo, não surtiu o menor efeito. Eles insistiam em voltar, entrar em casa e se abancar na sala, cozinha, lavanderia. Demos um fim neles e no problema. Sapos e eu, somente em planetas diferentes. Somos intergalaticamente incompatíveis. Me perdoe São Francisco de Assis, assumo esse pecado, já fiz muita caridade e rezei muitas Aves Marias e Pais Nossos para me redimir desta atrocidade!!! Não fui a executora – por pura incompetência – mas a mandante escondida debaixo das cobertas. O que dá no mesmo. Para morcegos, depois de muitas peripécias contratei uma empresa especializada que acabou com meu problema. O que sei é que morcego detesta naftalina e o forro do meu telhado foi salpicado com elas. Com a casa desinsetizada percebo que os ratos quase não se aproximam, mas, tenho de reconhecer que já coloquei veneno no jardim. Inadvertidamente e perigosamente, diga-se de passagem. Sempre pedi veneno que não matasse minhas cachorras, que serviam de guardas na casa e nunca tive qualquer problema, mas sempre fui orientada a colocar o veneno em locais de difícil acesso a focinhos curiosos e deixar o veneno dentro dos saquinhos em que vinham embalados. Espero que nenhum gato tenha descoberto meus esconderijos. Hoje, apesar dos terrenos inçados à minha volta, não vejo mais ratos. Faz anos que não apelo para os chumbinhos rosa e azul. Acredito que a desinsetização constante do jardim acabe por afastar a maioria das pragas da minha casa. O preço compensa pelos resultados a longo prazo e riscos envolvidos a curto prazo. Veneno que mata rato, conforme o tipo, mata cachorro, bebês, crianças, sem contar os gatos – possivelmente sua maior vítima acidental. Ao longo da minha vida, já perdi muitos gatos por envenenamento. Quero acreditar que tenham sido apenas acidentes e não atos premeditados e inescrepulosos. Existem métodos naturais que eliminam apenas os ratos. Além das famosas ratoeiras – tenho péssimas estórias com elas (lembro de uma vez que amanheci com a cozinha ensanguentada por um rato capturado que fugiu levando ratoeira e tudo, sem contar que camundongos são pequeninos e graciosos Jerrys, e dá uma peninha vê-los amassados naquela geringonça mortal de arame) – existe outra maneira inofensiva para exterminar ratos. O estudo é da Universidade Federal de Pelotas.

“Como fazer:

1.Pegue uma xícara de qualquer feijão cru (sem lavar mesmo)

2.Coloque no multiprocessador ou liquidificador (SEM ÁGUA);

3. Triture até virar uma farofinha bem fininha, mas sem virar totalmente pó.

Onde colocar: Coloque em montinhos (uma colher de chá) nos cantos do chão perto das portas, janelas (SIM… eles escalam as janelas…), atrás da geladeira, do fogão, à beira de esgotos, nas murretas e lugares externos que fiquem protegidos de intempéries.

OBS.: O custo é barato e a eficácia, elevada!

O rato come essa farofinha, mas não tem como digerir o feijão (cru), por falta de enzimas digestivas ou substâncias que digerem feijão cru. Isso causa aos ratos envenenamento natural por fermentação. Todos os que ingerem morrem! A população de ratos se extingue em três dias no entorno da área em que o farelo do feijão cru foi colocado.

DETALHE IMPORTANTE:

a) Ao contrário dos tradicionais venenos (Racumim, por exemplo), o rato morre e não contamina animais de estimação. E a quantidade de feijão que ele ingeriu e o matou é insuficiente para matar um cão ou gato, mesmo porque estes gostam de MATAR pra comer… Mas animal morto, eles não comem. E não há evidências de que o farelo do feijão cru faça mal a gatos e cachorros, pois, eles têm enzimas digestivas capazes de metabolizar esse alimento.

b) Se tiver crianças pequenas (bebês), ainda em período de engatinhamento, que colocam tudo na boca, não faz mal algum, pois o feijão para o ser humano, mesmo cru, é digerido. Mesmo assim, é preciso colocar o “veneno” em lugares seguros, longe do alcance das crianças, isto é, onde crianças não costumam transitar, porque a urina de ratos, em alimentos (no feijão triturado, no caso) pode conter Leptospirose, contaminação microscópica que pode matar seres humanos de qualquer idade, se não tratadas a tempo! Só isso, como cuidado.” (do blog do Beto)

Certamente existem outras fórmulas naturais para acabar com ratos, tão perniciosos à vida humana. Falamos tanto em proteção de animais e medidas simples como venenos naturais e inofensivos não são divulgados, nem as pessoas conscientizadas quanto ao seu uso.

Segundo o site Pet Care “Dentre as intoxicações nos cães e gatos a intoxicação por veneno de rato (rodenticidas – dicumarínicos) está entre as mais comuns. Normalmente ela ocorre pelo uso doméstico indiscriminado no controle de  ratos. É muito comum misturar o veneno de rato em comidas, carnes,  pizzas, frutas e iscas que sejam atraentes para os ratos e por  conseqüência também para os cães. Assim quando os cães encontram essas iscas distribuídas  e escondidas pela casa, jardins, calhas e esconderijos eles acabam ingerindo e se intoxicam. Não menos comum é a intoxicação criminosa, quando pessoas que não  gostam de animais colocam essas iscas na tentativa de matar os cães e  gatos. Hoje também é muito comum o envenenamento premeditado de cães de guarda em residências e empresas, visando assalto futuro (depois da morte dos cães). Esses venenos com ação anticoagulante, causam sangramento generalizado por inibição dos fatores de coagulação dependentes da vitamina K. Os anticoagulantes de segunda geração são mais tóxicos, os sintomas  demoram mais para aparecer e persistem no organismo (fígado) por mais  tempo, aumentando o risco de morte e a necessidade de tratamento por muito mais tempo. O principio ativo é rapidamente absorvido (90%) pelo sistema gastrointestinal e atinge pico plasmático (no sangue ) em 1 a 12 horas. A meia vida (ação) da  toxina pode variar de horas (rodenticidas de primeira geração ) até semanas (rodenticida de segunda geração). O quadro hemorrágico normalmente tem início em 2 a 3 dias. O veneno vai causar alterações em vários sistemas devido a diminuição dos fatores de coagulação levando a hemorragias generalizadas.

  • Hemorragia pulmonar e no espaço pleural levando o  animal rapidamente a morte por falência respiratória.
  • Sangramento em todo sistema gastro intestinal que pode ser visto ocasionando vômitos e fezes com sangue.
  • Hemorragia no sistema nervoso central causando ataxia (dificuldade de andar), paralisia, convulsões entre outros.
  • Sangramento visceral, resultado em acúmulo de sangue no abdômen (hemorragia interna)
  • Dor muscular e derrame sanguíneo nas articulações.
  • Hemorragia renal apresentando urina com sangue.
  • Aborto em fêmeas gestantes e hemorragias uterinas.

Sintomas observados:

  • Evidências de hemorragias como fraqueza, animal mais pálido, aumento da freqüência respiratória (ofegante), queda de pressão e manchas  distribuídas pela pele (hematomas).
  • Tosse, dificuldade respiratória.
  • Aumento do volume abdominal (sangramento interno).
  • Dor articular e dificuldade de caminhar.
  • Sangramento persistente em machucados, gengivas,  ou mesmo locais de picada de insetos.
  • Sangramento nasal, sangramento na urina e fezes.”

gato chorando

Vamos divulgar e abraçar esta causa!!!!

Eu tinha uma gata preta

Eu tinha uma gata preta.

Amava a gata preta que eu tinha.

Alguém – não sei quem – a tirou de mim.

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Não sei se por maldade, crueldade ou simples falta de humanidade. Acredito que quem envenena gato, cachorro ou outro animal, ou é mau ou é cruel ou tem algo de desumano. A prática é antiga, assim como é tirar os filhotes recém nascidos do ninho e abandoná-los à própria sorte, matá-los à pauladas, ensacar e jogar no lixo, no rio, no penhasco, na esquina, no matagal. Cresci vendo e ouvindo estas histórias, e quando diziam que eu tomasse cuidado com “o homem do saco preto que levava as criancinhas”, lembrava dos gatinhos de olhos arregalados, de pelo espevitado, das patinhas retesadas e unhas medrosas que sumiam do meu esconderijo improvisado entre gavetas, armários e pilhas de madeira e sucata no porão da casa velha onde eu morava. Sabia que o homem do saco preto os havia encontrado e levado. Muito choro depois, mais de vinte gatos sobreviventes perambulando famintos e briguentos pela casa, entendi que era impossível acolher todas as ninhadas que a natureza felina nos presenteava. Os gatos foram morrendo, fui crescendo e só voltei a adotar a July, o Cooki, o Logan e a Nina – já adulta – para dar aos meus próprios filhos, a alegria e a aventura  emocional de conviverem com estes seres sagrados e mágicos na arte do amor incondicional e sem medidas. De todos os animais que tivemos, apenas uma cachorra, a Dátia, morreu de velhice. Todos os outros morreram de forma trágica: quase todos, envenenados. Chorei cada um deles com sangue e dor. A perda sufoca, a saudade doi, as imagens e lembranças invadem nossos dias resgatando momentos maravilhosos, e aí, num puff, tudo acaba. Sobra a tristeza pela espécie humana, capaz de assassinar qualquer espécie, inclusive a própria. Quanto aos animais? Coitadinhos! Basta cruzarem com genocidas maníacos por limpeza e ordem, brutamontes incapazes de amar e entender que todas as espécies tem instintos e necessidades, para que  Hitleres, Sadans Husseins e Slobodans Milosevics de fundo de quintal, arregacem suas  mangas e arquitetem barbáries, usando arapucas, venenos, sacos, cordas e todo um arsenal medieval para não ver mais patinhas nos porcelanatos claros das varandas, plantas amassadas, cocozinhos e xixizinhos esparramados pela grama alheia, sinfonias noturnas … Sinceramente, não consigo imaginar o que pode estimular este lado perverso em pessoas civilizadas, trabalhadoras, pais e  mães de família, a ponto de matar de forma covarde – e infelizmente – impune,  animais domésticos, alegria de tantas crianças e famílias, que veem seus animais como filhos, companheiros, confidentes, verdadeiros amigos e legítimos membros da família.

familia feliz adesivo

Quanto às leis de proteção aos animais? Elas existem. Mas o que esperar delas, se nem as leis que deveriam proteger e punir quem pratica atrocidades contra os seres humanos são cumpridas? E aí me pergunto como posso ter um felino que vai continuar perambulando pelo bairro, respondendo a um comportamento atávico e ancestral, pra cair – de novo – nas mãos de um bárbaro cruel do século 21? De que maneira posso protegê-lo? Prendê-lo numa coleira? Trancafiá-lo em casa? Usurpar sua natureza e essência animal por que animais humanos são intolerantes e crueis e vão, irremediavelmente, envenená-lo de novo? Não, não posso. Por enquanto, não.

nina e susi

Nina estava passando uma temporada na casa de uma amiga que cuidou maravilhosamente bem dela. Obrigada, Suzana. Tenho certeza que ela viveu momentos maravilhosos contigo e com teus filhos e foi muito feliz com a própria mãe e o meio irmão Polenta (apesar das brigas, grunhidos, miados e caras feias). Nina acreditava que todos éramos bons e generosos, verdadeiros amigões. Por mais intuitiva e esperta que fosse, era alma generosa e ingênua que confiava demais. Não dizem que “a curiosidade matou o gato”? Some-se à curiosidade + veneno + crueldade. Este mix acabou com a única vida que ela tinha. Também não dizem que gato tem sete vidas? Não, não tem. Como eu queria que ela tivesse mais seis vidas para gastar!!!!

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Nina voltou pra casa.

Voltou pra eternidade

Ela não esperou por mim.

O tempo dela era diferente do meu.

Perdi ela para sempre.

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Habita em mim a lembrança da escuridão desfilando na noite. A patinha fofa de pelo sedoso de olhares cúmplices e companheiros. Ainda a vejo cruzando a rua, escalando o terreno baldio em frente, mascando capim, se esgueirando pelo mato ralo. Ao retornar, o olhar atento para a direita e para a esquerda. E então, a corrida apressada para casa. Vai que um carro a atropelasse!!!!! Intuía a existência de perigos. Nina era cuidadosa consigo e com os outros. Por mais que eu agisse como uma “Felícia” aloprada, nunca me aranhou ou mordeu pra valer. Brincava que mordia e aranhava, fazia festa com nossas garras, e, num piscar de olhos, saltava do colo e buscava seu próprio espaço. Era gata silenciosa e independente que sumia no dia e na noite, e quando menos eu esperava, estava a meu lado. Fiel, serena e amiga. Ela me faz muita falta.

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Eu tinha uma gata preta

Alguém a tirou de mim.

A pergunta que mais me faço

não é

Quem?

é

Por que?

cartaz para afixar em caso ede envenenamento